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terça-feira, 15 de outubro de 2019

A BELEZA E FASCÍNIO DO DIAMANTE

               


                Todos conhecem as paixões que as jóias de diamantes tem provocado em todas as épocas. Dizem que o nome diamante deriva do Árabe "adamas" (o indomável), outros que seu nome deriva da palavra "daemos" (o tentador)
                 Seu brilho, semelhante ao das estrelas, que contemplam impassíveis do alto o passado e o futuro, só revelada quando o homem o trouxe à luz. Durante milhões de anos, as gemas ficam sepultadas na profundidade da terra, sob a areia ou no coração da montanha, sempre ocultando seus fulgores. 
                O estudante de química mineral certamente o encontrará definido simplesmente como "carbono puro" em estado cristalino. Também certamente o conhecerá também como algo muito raro, infundível e refratário aos ácidos e que, na escala de rigidez, ocupa o mais alto degrau e possui um peculiar poder refulgente, com efeitos muito mais esplêndidos e fulgurantes quanto maior e bem lapidada for a pedra. São essas características que justificam o valor atribuído à "gema entre as gemas" e também a dúplice versão que foi dada á origem de seu nome. 
                Desde a sua "indomabilidade",  o diamante pode ser vencido somente por si mesmo, pois, para lapidá-lo, usa-se pó de diamante com óleo de linhaça, sobre uma mola de aço suave. Os fragmentos menores são despregados para cortar o vidro e gravar pedras preciosas. O diamante lapidado em dupla pirâmide truncada (cujos lados são divididos em 58 minúsculas facetas triangulares ou romboidais, que são lapidadas uma por uma) chama-se "Brilhante",  e aquele cortado com apenas uma pirâmide e de base plana, com 24 facetas, chama-se Rosada. Os exemplares incolores predominam, mas encontram-se, também, diamantes cujos reflexos possuem tintas escuras, rosas, verdes, amarelas, e existe, ainda, muito raro, o "diamante negro". 
                   O diamante, por seu brilho, dureza e, sobretudo, raridade, figura no primeiro plano das pedras preciosas, desde remotas eras. Sua fórmula é C. peso específico 3,5 a 3,6, e pertence ao sistema cúbico. Suas faces são, por vezes, estriadas. Transparente ou incolor, também é encontrado amarelo ou amarelado e, mesmo em outras cores, pois, como carbono puro, possui as propriedades químicas deste corpo. 
                  Existem diversas qualidades de diamante: o incolor, considerado a primeira das pedras preciosas, sendo seu custo calculado na base do quilate (0,205 gr); o bort, de faces curvas, que serve para polir o anterior e, finalmente, o carbono negro, usado para perfurar rochas; esta variedade, a mais conhecida, é produto das jazidas da Índia, do Brasil e do cabo, as primeiras, quase esgotadas. 
             Mas o que valoriza o diamante é a lapidação, que compreende três operações sucessivas: clivagem, lapidação e polimento. A primeira desembaraça o diamante da crosta que o envolve. A segunda dá-lhe a forma definitiva, de brilhante ou rosa. A terceira confere, á pedra talhada, o brilho e a transparência. Na clivagem, o clivador faz o diamante roçar sobre a pedra bruta, fazendo a crosta destacar-se. Isto feito, o lapidador, com a maça, martelo cônico, e uma lâmina de aço, bate pancadas secas na pedra, fendendo-a segundo as faces da clivagem. A seguir, procede-se a lapidação e polimento. 
                   O primeiro centro produtor de diamante foi a Índia, que dominou o mercado até a descoberta dessas pedras no Brasil, no começo do século XVII, pois ainda não se conheciam os diamantes da África. Duzentos e cinquenta anos depois da descoberta do Brasil, este passou a ser o maior produtor de diamantes do mundo. Em meados do século CVII, ocorreu a descoberta de grandes aluviões diamantíferos na Colônia do cabo, em Orange e Transvaal, hoje ultrapassadas pelo Congo Belga, que somente em 1855 produziu cerca de 12 milhões de quilates. Em 1950, a produção mundial foi de 15.300.000, dos quais o Brasil contribuiu com 200.000, ou seja, a proporção de 1,3%. De 1950 em diante, porém, melhorou a nossa produção, devido aos grandes esforços de cientistas que se dedicam com afã a esse problema, nas regiões diamantíferas. Os diamantes no Brasil têm sido encontrados somente em rochas secundárias. Em Minas gerais, no Itacolomito, na Bahia, nos quartzitos da Chapada Diamantina, nas áreas de conglomerados e cascalhos inconsolidados, nas formações metamórficas da Serra do Espinhaço e regiões a oeste do Rio São Francisco, em Minas Gerais. os primeiros diamantes descobertos no Brasil foram por Bernardo da Fonseca Lobo, no riacho Caeté-Mirim. De início, não se atribuiu muita importância ao fato, pois a atenção estava toda voltada para o ouro. Mais tarde, iniciou-se a exploração intensificada, em Diamantina, junto ao rio Jequitinhonha, Abaeté e Gão-Mogol. Jazidas importantes surgiram também em Goiás, Bahia e mato Grosso. Os maiores diamantes, todavia, eram reservados à Coroa de Portugal, que auferiu grandes lucros, e os menores eram vendidos a negociantes, por contrato. O primeiro contratador de diamantes doi Gil de Mester, que explorou tal serviço até 1866. Os contratadores de diamante eram pessoas importantes e de grande prestígio. O mais famoso deles, Felisberto Caldeira Brandt, inspirou o maestro paulista Francisco Mignone a compor a bela ópera "O Contado de Diamantes". Exercia ele sua atividade no tejuco, onde se desenrolavam fatos históricos. A região do Alto Araguaia e do rio das garças, na zona limítrofe entre Goiás e mato Grosso, fornece pedras de alto valor, pela sua pureza, sendo grande a população garimpeira que ali trabalhara. 
                  O famoso diamante "Estrela do Sul" foi encontrado, em 1853, por uma escrava que estava lavando roupas no rio Bagagem. Pesava, em estado bruto, 261,88 quilates, passando a 128,8, depois de lapidado. É um brilhante muito puro, levemente rosado, e foi vendido por 400.000 dólares ao Gaekwar de Baroda, após lapidado por Coster, de Amsterdã. 
              Segundo estatísticas recentes, em 1940, passaram pelo Serviço de Classificação e Avaliação de Pedras preciosas da Casa da Moeda, 460.868 quilates métricos de diamante em bruto, provindo as maiores pedras de Minas gerais, embora a maior produção fosse de Mato Grosso. Os dados de Pandiá Calógeras e outros estimam a nossa produção, entre 1728 e 1947, em 6.065.434 quilates, sendo que, no período de 1727 a 1847, foi de 1.977.419 quilates, e, de 1938 a 1947, de 1.818.015 quilates. Mas é preciso lembrar que sempre existiu muito contrabando de, evidentemente, não estão nas estatísticas. Os maiores diamantes do Brasil são, pela ordem: "Presidente Vargas", o Coromandel (Minas gerais 1938), com 729,6 quilates; "Darcy Vargas" (minas Gerais, 1939), com 460 quilates; "Coromandel 2º (Minas Gerais; "Tiros", com 354 quilates); "Patos", com 261,4 quilates; "Carmos do Paranaíba" com 238 quilates; "Coromandel 3º" com 228 quilates; todos eles encontrados no estado montanhês. Em 1906, falou-se muito no "Goiás" com 600 quilates, mas há dúvidas a esse respeito. 
                 Os maiores diamantes do mundo são "Cullinan", Transvaal de 1905, com 3.160 quilates; "Excelsior", com 993,7 quilates; "Africa do Sul" com 1893 quilates; "Grão Mogol" da Índia de 1640, com 807,2 quilates; "Joncker, da África do Sul, com 726 quilates; "Jubileu" de 1895 com 649,8 quilates; "Premier", com 525,8 quilates; "De Beers" com 515 quilates; "Premier 3º" com 499,3 quilates; e o "premier 4º com 470,2 quilates, todos estes da África do Sul. 
              Em poder de um Hotentote, às margens do rio Orange, na África do Sul, foi encontrado o famoso diamante "Estrela da África do Sul", um dos maiores do mundo. 
                O diamante, cujo valor, muitas vezes é inestimável, possui o poder de despertar nos homens a cupidez. A história também cita muitos diamantes célebres, ligados a peripécias tão romanescas que beiram à lenda. Além da famosa "Montanha de Lus", goza de larga fama o "Regente", que pertenceu a Felipe de Orleãs e depois ao rei Luiz XVI. Desapareceu durante a Revolução Francesa, porém, encontrado, mais tarde, foi ornamentar a espada de Napoleão Bonaparte. Dizem que, após a glória napoleônica entrar em ocaso, a gema também se ofuscou. Hoje encontra-se no Museu do Louvre, em partis. O Grão-Mogol e o Orloff (este doado pelo Condede Orloff, favorito de catarina da Rússia, à sua soberana amada) e o Grão-Duque de Toscana figura entre os diamantes famosos, que inspiraram romancistas e poetas. 


 Outras pedras preciosas
                 O emprego de pedras preciosas é igualmente, como objeto de luxo, de origem antiga. Todos certamente já ouviram falar do luxo asiático, onde tanto homens como mulheres se ataviavam exageradamente com pedras preciosas. O tesouro do Mitridates é igualmente lendário. Os romanos imitaram-nos. os processos de lapidação, com exceção dos do diamante, que datam de 1479, já eram bastante conhecidos. na Idade Média, as pedras preciosas eram privilégio das mulheres, dada a introdução, pelos cruzados de grande número de gemas, (resultado de saques que promoviam em nome da religião, às quais se atribuíam virtudes maravilhosas e misteriosas, segundo a superstição daquela época. Assim, o diamante era ótimo contra feitiço ou mau-olhado, o Rubi um tônico para a alma, a safira proporcionava riqueza, a esmeralda tornava seu possuidor virtuoso, e daí por diante. E, ainda hoje, há quem atribua às inocentes pedras poderes ocultos, pois cada mês tem a sua gema protetora. 
               As gemas subdividem-se em pedras preciosas propriamente ditas: diamante, rubi, esmeralda, safira, topázio, ametista e granada, todas muito empregadas pelos joalheiros de luxo, dado o seu valor e raridade, e são denominadas orientais, por causa de seu belo oriente ou transparência. 
                 As demais, conhecidas como pedras finas, de muito menor importância, são usadas em joalheria barata e nas artes decorativas. As principais são: calcedônia, sardônia, cornalina, ágata, turquesa, opala, etc. Em Mineralogia, podemos citar as principais, pelo gênero: o diamantino (carbono), o corindon (alumina), o quartzo (sílica), o espinela (aluminato de magnésia), as esmeraldas (silicatos de alumínio e de glucínio) as turmalinas (borossilicatos de alumínio), as granadas (silicatos de outro tipo).  As pedras são, quase todas, variedades de silex mais ou menos (ágata, ônix, calcedônia), por vezes hidratado (opala), feldspatos (obsidiana, pedra-da-lua, etc.). 
            As pedras, segundo sua variedade e cor, podem ser assim classificadas: Incolor: diamante (carbono), safira branca (corindon) Topázio incolor do Brasil ou gota-d'água (topázio),  cristal de rocha (quartzo. Vermelho rubi oriental (corindon), espinela papoula, rubicelo, rubi-palheta (espinela), granada da Boêmia ou granada oriental (granada), rubi da boêmia (quartzo), topázio-queimado (topázio). Azul: safira horizontal, safira índico (corindon),  água marinha, esmeralda, turmalina do Estados Unidos (turmalina), safira-d'água (silicato magnesiano), turquesas pedregosas e ósseas (fosfato de alumínio), azul-opaco.  Verde: esmeralda oriental (corindon), esmeralda do Brasil (Turmalinas, crisópraso (quartzo). Azul esverdeado: água marinha oriental (corindon), topázio amarelo do Brasil, água junquilho (esmeralda), zircão, topázio da Boêmia (topázio). Amarelo esverdeado: peridoto oriental (corindon), crisoberilo (cimófana de glucínio) peridoto de Ceilão (turmalina). Violeta: ametista do oriente (corindon) e ametista (quartzo). 
       Foram as esmeraldas que inspiraram o nosso poeta Olavo Bilac para compor o maravilhosos poema "O Caçador de Esmeraldas", onde narra em versos lapidares a odisseia do grande bandeirante Fernão Dias Paes, que andou pelo Brasil afora em busca daquelas pedras, morrendo em plena mata, na ilusão de havê-las encontrado. 
              Um belo colar de pedras brasileiras foi presenteado à rainha Elizabeth II da Inglaterra, por motivo de sua coroação, e que foi bastante admirado naquela corte. 


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