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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

OS VÍRUS QUE ABALARAM O MUNDO


             A população mundial atingiu mais de 7 bilhões de seres humanos. Isso se deve à vertiginosa procriação e à longevidade. Mas também, é principalmente, pelo avanço científico que tem conseguido controlar os vírus que no passado provocavam as grandes tragédias. 
                 Hoje sabemos que aquelas tragédias eram causadas mais por fatores socioambientais do que das características genéticas da patologia. Essa conclusão só foi possível porque, coletando resíduos de sangue de quatro ossadas, os pesquisadores conseguiram reconstruir todo o genoma da peste. É a primeira vez que uma enfermidade antiga tem seu DNA inteiramente desvendado. 
           As pestes e epidemias acabaram com a antiga Grécia, com Roma Imperial, e  se espalharam pelo mundo da Idade Média como um espectro de vicissitudes. Com o advento da medicina moderna, dos antibióticos e vacinas pensava-se que era o fim das epidemias. Mas novos vírus (super-vírus) estão surgindo e mesmo a mais avançada medicina não se mostra capaz de detê-los. 
              De todas as tribulações que o homem sofreu em sua história, as doenças contagiosas foram as mais fatais. Morreram mais pessoas em epidemias do que em guerras e catástrofes. 
                Em 429 a. C., terminou a Idade do Ouro de Atenas. Primeiro a morte atacou os jovens que viviam e amavam no baixo porto. Depois, embrenhou-se pelas ruelas e becos da cidade alta. E espalhou-se insidiosa. O médico Hipócrates aconselhou que se usasse de muito defumador, embora ditasse essa orientação, a salvo,de sua ilha-refúgio. De nada adiantou: um em cada três habitantes morreu, fosse abastado da cidade alto, miserável do Pireu, ou mesmo Péricles - então lider dos democratas radicais - e seus filhos. De seu refúgio, Hipócrates diagnosticava uma atmosfera pestilenta e miasmática em Atenas, trazida pelo excesso de refugiados e soldados que, segundo sua teoria, podia ser purificada pela defumação. 
             Hoje sabemos que quatro vírus se abateram sobre Atenas: a varíola, o tifo, a disenteria e a febre-amarela. Ninguém sabia diferenciar as doenças, e por isso chamavam todas  simplesmente de loismos. O loísmo foi pior que a sangrenta guerra de Peloponeso. E significou o fim da Grécia. 
                 Séculos depois, surgiu uma nova estrela: Roma, a cidade entre colinas, abastecida com água fresca das montanhas, canalizada por eficiente sistema de aquedutos, embora Horácio, amigo do Imperador Augusto, já profetizasse: "Balnea, vina, venus corumpunt corpora nostra" (banhos, vinho e amor destruirão nossos corpos). 
             Mas o poeta se enganou. Não foram os banhos, o vinho ou o amor que destruíram o corpo de seus patrícios romanos. Quem se encarregou disto, 400 anos depois, foi o mosquito transmissor da malária. Como o sistema de canalização estava quebrado, formaram-se pequenos pântanos ao redor da cidade, o que contribuiu para a proliferação da peste. Assim, a febre passou a atacar no verão, enfraquecendo as gloriosas legiões de César. 
               Mas a malária também afetou os inimigos de Roma. Em 410 d.C. atingiu o Rei Alarico e os visigodos. Em 452 foi a vez dos hunos e três anos depois, os vândalos. No final só houve um vencedor: a malária, mal que foi capaz de transformar a Cidade do Mármore em uma  triste ruína. Em 1350, havia apenas 17 mil habitantes atrás de seus muros. Até mesmo os papas tinham abandonado a Cidade do vaticano e se mudado para Avignon, no sul da França. Mesmo assim, foi lá que a peste alcançou o papa Clemente VI. 
              Em 1348 e 1349, a peste matou cerca de 20 milhões de europeus. Paris perdeu 50 mil habitantes, a metade de sua população. Em Hamburgo e Bremen morreram dois terços; em Veneza, quatro quintos. Luebeck ficou deserta em poucos meses. Nove das dez cidades hanseáticas foram vítimas da peste. Em Chipre e na Groenlândia,a epidemia não deixou sobreviventes. 
               Pais largavam seus filhos à própria sorte, médicos abandonavam pacientes e os padres se ocultavam por trás dos muros dos mosteiros. O cronista de Viena registrava: "Não se encontra quem enterre os mostos, nem por dinheiro, nem por amizade". 
           Enquanto os empesteados atravessavam os campos. Flagelando-se com açoites, culpavam-se os judeus pela tragédia. Assim, em 9 de janeiro de 1349, na cidade de Basileia, queimou-se toda a comunidade judaica (cerca de 400 pessoas) numa casa de madeira situada no centro de uma ilha. Em Maiença, foram exterminados cerca de 6 mil judeus de uma só vez, como também em muitas outras cidades alemães. 
                O papa ficava diariamente entre duas grandes fogueiras, conforme orientação médica, como forma de afastar os miasmas do corpo. Até que a epidemia arrefeceu e, por fim, extinguiu-se. 
             O capítulo mais tenebroso da Idade Média terminava. Mas a peste ainda voltou, dezenas de vezes, durante mais de trezentos anos. 
                 De todas as tribulações que o homem sofreu em sua história, as doenças contagiosas foram as mais fatais. Morreram mais pessoas em epidemias que nas guerras, erupções vulcânicas,  inundações, terremotos, homicídios em massa, enfim, tudo de que a natureza ou o homem dispõe em seu arsenal de morte. 
                As epidemias sempre fizeram e continuarão a fazer história. A varíola, trazida pelos conquistadores ibéricos e seus escravos para o Novo Mundo, ditou o fim das civilizações pré-colombianas. O próprio Napoleão Bonaparte temia mais a peste do que a seus inimigos. E foi por causa dela - e não dos muçulmanos - que em 1799 fracassou na batalha do Egito. E até a sua morte - causada por veneno inglês - estava certo de que sua grande "arme" não fora vencida pelos russos e sim pelo tifo. 
                Ainda em 1348 d.C., a famosa Universidade de Paris responsabilizava, pela peste, a tríade formada pelos planetas Saturno, Júpiter e Marte. Quinhentos anos depois, em 1843, a mesma instituição ainda reforçava a tese de que a peste não era contagiosa. Para os velhos médicos, um meteoro, eclipse ou qualquer outro fenômeno meteorológico eram prognósticos para o surgimento de epidemias. O povo comum, entretanto, frequentemente sabia mais que os instruídos. Dava menos atenção às constelações que aos ratos correndo entre seus pés. 
                  Na medicina, o novo conseguia se impor com dificuldade. dessa forma, até meados do século XIX, pouco ou nada havia mudado desde a época de Hipócrates. Mas, já em 1860, o Dr. Ignaz Semmelweis - mais conhecido como "salvador das mães" - declarava a seu colega Professor Scanzoni como "assassino perante deus e o mundo". Isso porque Scanzoni ridicularizava as exigências de Semmelweis pela assepsia das salas de parto. 
               Nos últimos cem anos, o reino das bactérias e vírus foi deslindado pela medicina. O grande prestígio social que os médicos desfrutam atualmente resulta, em grande parte, de sua capacidade de lutar contra os germes que o paciente não vê. 
                 Em 1978, a Organização Mundial de saúde anunciou: "Não há mais varíola sobre a Terra. O último paciente que os médicos da OMS cuidaram foi um cozinheiro da Somália. Quem ainda conseguir descobrir um doente portador de varíolas tem o direito a mil dólares em dinheiro. "Em 1978 a medicina já sonhava com a vitória final sobre os inimigos invisíveis, da erradicação de todas as doenças infectocontagiosas. Até que surgiu a AIDS. 
                No primeiro Congresso Mundial sobre a AIDS, aventou-se que essa epidemia podia muito bem ser comparada às terríveis pestes da Idade Média. A única diferença é que a AIDS levava a uma morte lenta, um mal como o câncer que não tem um final rápido da noite para o dia. 
                   A "peste negra", que matou mais de 50 milhões de europeus entre 1347 e 1351, pode ser considerada como a grande referência para temermos uma nova pandemia. Os estudos indicam que a devastadora bactéria medieval difere muito pouco das que hoje circula pelo mundo. Está comprovado que as causas da tragédia medieval foram mais por fatores socioambientais do que pelas características genéticas da patologia. O nosso arsenal de antibióticos tem nos possibilitado uma defesa contra as bactérias, mas isto pode estar com o tempo contado. A crescente resistência humana a antibióticos poderá fazer com que esses medicamentos não sejam mais eficazes em futuro bem próximo. Estamos prestes a viver uma nova era da medicina: a era pós-antibióticos, na qual uma simples infecção causada por um pequeno corte ou arranhão levará fatalmente á morte. Uma era pós-antibiótico significa o fim da medicina moderna como conhecemos. 

                 Quando.em  1882, Luís Pasteur começou a coletar, por meio de um canudo de vidro, a baba mortal das fauces de cães hidrófobos, ele se encontrava no ápice da glória. Toda a França reverenciava o homem que fora o primeiro a individualizar, nos micróbios, a invisível causa das doenças infecciosas ou contagiosas, que salva as criações de bichos-da-seda, descobrindo a fonte da epidemia que os dizimava, que conseguira desvendar o mecanismo da fermentação da cerveja e do mosto, que tivera a intuição de como os mesmo germes que semeiam a morte podem ser "domesticados" e transformados numa sólida defesa contra o mal. Já, cem anos antes, Eduardo Jenner conseguira preservar o homem da varíola, injetando-lhe a "vacina", uma espécie de varíola benigna de que sofrem os bovinos; e Pasteur, seguindo o mesmo conceito, procurava tornar os carneiros mais resistentes ao carbúnculo - uma rapidíssima e sempre mortal enfermidade do gado -, inoculando-lhes uns bacilos envelhecidos e capazes, quando muito, de produzir-lhes um leve ataque do mesmo mal. O sucesso não fora completo, por causa de algum engano, mas Pasteur não se dera por vencido e, agora, insistia na mesma trilha, tentando descobrir uma arma contra a raiva, uma das mais espantosas e inexoráveis doenças, que ataca homens e animais. 
               Ele, com seus assistentes Roux e Chamberland, retiravam dos cães, mortos de raiva,pedaços de medula espinal, a sede preferida do desconhecido e invisível "vírus"; deixava, depois, envelhecer esses pedaços, durante algumas semanas, e quando julgava que o veneno já perdera parte de seu poder, reduzia-o a uma pasta  e injetava em cães sadios. Os animais suportavam muito bem as injeções e não davam sinal algum de moléstia, mas, preguntavam a si mesmos os três cientistas: estariam realmente "imunizados", isto é, resistentes a um novo ataque do "vírus"? 
              Chegou o momento da grande experiência. Dois cães imunizados e dois que não haviam recebido tratamento algum foram inoculados com doses mortais do "vírus" rábico. Passaram-se longos dias de angustiosa expectativa e eis que os dois cães não imunizados começaram a morder a jaula, a recusar alimentos, a uivar penosamente, até que a morte lhes terminou com dolorosa agonia. 
                Os dois outros animais, os "vacinados", saltitavam alegremente, sem manifestar qualquer perturbação. 
             Era a mais estrepitosa vitória que a Medicina obtivera, desde milênios; era a primeira vez que uma enfermidade era debelada. A Europa exultou, quando se difundiu a notícia, e de toda parte chegaram pedidos de remessa da milagrosa vacina. De Smolensk, na Rússia, chegaram dezenove camponeses, que tinham sido mordidos por um lobo hidrófobo. Abatidos pela pesada viagem, murmuravam o nome de Pasteur, a única palavra francesa que conheciam, como se fora uma fórmula mágica.
                  Toda Paris viveu de coração suspenso, enquanto os cientistas, embora não confiando inteiramente no êxito, aplicavam-lhes as catorze injeções necessárias, mas um grito de júbilo  se levantou, quando se soube que bem dezesseis daqueles homens, já condenados à morte atroz, tinham sido salvos. E o Czar da Rússia foi o primeiro a contribuir para a criação daquele grande centro de pesquisas, que se chama Instituto Pasteur, ainda hoje um dos mais ilustres santuários da Medicina, condigno monumento a um dos mais altos expoentes do engenho humano.

 Reclinado sobre o leito de um doente de cólera, Roberto Koch indaga sobre as causas da horrível moléstia -
            Cerca de dez anos antes que acontecessem esses fatos, um jovem médico de Wollstein, um lugarejo perdido na Prússia oriental, Roberto Koch, começara a interessar-se por minúsculos seres, de que se falava por toda parte. Tratava-se do ainda desconhecido "vírus". Farto do monótono exercício da Medicina e de não poder, frequentemente, causar real lenitivo aos seus doentes, ele resolvera ir bem ao fundo das causas, pesquisar a origem oculta daquelas enfermidades, diante das quais sua ciência era impotente. Começou por estudar atentamente, ao microscópio, o sangue de uma ovelha que morrera de carbúnculo. Viu tênues filamentos, bastõezinhos brilhantes, que nunca vira no sangue de animais sadios, e logo suspeitou de que fossem as causas da horrível doença.Mas, como demonstrá-lo?  Sua técnica era imperfeita (culpa não sua, mas de sua época); ele não conhecia o meio de isolá-los, de fazê-los crescer fora do organismo, a fim de podê-los estudar. e Aquele improvisado bacteriologista inventou, em longos meses de raciocínios e tentativas fracassadas, os métodos que, ainda hoje, empregamos; conseguiu "cultivar" aqueles micróbios, fora do corpo do animal, em tubos de caldo de gelatina, chegando a obtê-los em estado puro, a reproduzir, com eles, a doença em cobaias e ratinhos. Em 1876, com um relatório que é um modelo de precisão e cuidado, anunciou ao mundo a descoberta do micróbio do carbúnculo. As intuições de Pasteur eram exatas:  aqueles seres microscópios eram a causa das moléstias infecciosas. O caminho estava aberto. Armado de uma técnica precisa, de dua lucidissima lógica, Koch atirou-se á procura do traiçoeiro assassino, que todos os anos ceifava milhões de vidas, o bacilo da tuberculose, muito menor e mais difícil de cultivar do que aquele do carbúnculo. Pasteur, em suas comunicações, era imaginativo e brilhante como um ator, buscava o aplauso, e isso o conduzia, muitas vezes, a conclusões erradas ou prematuras. Koch, ao contrário, refez centenas de vezes suas experiências, destruindo, de início, toda e qualquer objeção, antes de poder anunciar, em 1882, sua nova e maior conquista. Agora, ele não era mais o obscuro médico de Wollstein, mas sim o oráculo dos pesquisadores europeus. Ei-lo, de fato, no Egito e na Índia, chefiando um expedição alemã para estudo da cólera, curvado sobre o leito dos maribundos e sobre as águas poluídas, repletas de desconhecido germe. 
                Depois de poucos meses de trabalho, também este novo inimigo, o terrível bacilo em forma de vírgula, que, havia séculos, despovoava a Ásia, estava identificado. Entre os assistentes de Koch, todos apóstolos entusiastas da nova viência, notava-se, pela exatidão de suas observações e a originalidade das pesquisas, um médico militar de apenas trinta anos, Emílio Behring que, desde algum tempo, se dedicava ao estudo da difteria. Todos os médicos sabiam como era difícil que uma mesma pessoa fosse atacada duas vezes por essa moléstia. E Behring esforçava-se em procurar a razão pela qual um indivíduo curado era mais resistente ao mal do que um que jamais o tivera. Talvez, pensava ele, no sangue do indivíduo resistente existam substâncias que bloqueiam o veneno dos germes. Se assim fosse, injetado esse sangue em outro animal, que jamais sofrera de difteria, poderia torná-lo imune. Seguindo essa sua ideia, inoculou o soro (isto é, a parte líquida e clara do sangue) de uma cobaia, curada de difteria, em outra cobaia são; depois, injetou nesta última os bacilos da doença, em dose suficiente para matar um boi. Aguardou alguns dias, observando a cobaia, com trepidação, e nada aconteceu. O animal não demonstrava o menor sinal de mal-estar. exultante, Behring submeteu sua experiência a Koch, e passa a preparar soro de animais imunizados, em grande quantidade, confiando a amigos, médicos, para que o usassem nos hospitais; as crianças, febricitantes, com garganta inflamada e recoberta de membranas esbranquiçadas, depois de uma injeção daquele soro, melhoraram sensivelmente, e logo saravam!
              Era outra vitória da ciência humana; a difteria, o terror das mães daquele tempo, estava derrotada, não mais semearia o luto e a dor entre as criancinhas. 
               Já se passou quase um século desde essa época, todavia, bem poucos sabem que, se ainda estão vivos, o devem a homens como Pasteur, Koch, Behring, os silenciosos pioneiros da luta contra a morte. 

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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

SAMBA - RITMO AFRO BRASILEIRO

Pintura em pastel - Romeo Zanchett 

         O samba é uma dança de origem africana, cantada a compasso binário e acompanhamento sincopado; tem musicas próprias para dança. 
                 A etimologia da palavra é controvertida, havendo várias versões: a que lhe atribui a origem tupi, significando "cadeia feita de mãos dadas"; a que consigna a existência da palavra em dialetos africanos com o significado de "culto através da dança", e ainda outra que a deriva da macumba, instrumento africano em forma de chocalho ou maracá. 
                  O samba teve ainda um significado mais lato (largo, extenso, extensivo), estendendo-se à concepção de qualquer baile popular. 
                  Batuque é a denominação genérica para baile africano que o Rei D. Manuel proibiu nas primeiras décadas do século XVI. 
             No rio de Janeiro, para o tipo de samba característico dos morros da cidade, é comum designar-se batucada. Segundo Luiz Câmara Cascudo, com a designação "samba", não se conhece dança africana e não há nenhum registro durante o século XIX. 


Desenhos de Romeo Zanchett 
                  O samba carioca, canção popularesca com forma urbana, foi transplantado da Bahia no princípio do século XX. Antes de se requintar através da dança social que lhe corresponde, surgiu nos primeiros redutos de descendentes africanos que viviam nas proximidades da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, com as baianas vindas da guerra de Canudos, que se fixaram no "morro da favela".Era também praticado na casa da "tia Ciata", na Rua Visconde de Itaúna, 117, centro do Rio, onde se reuniam sambistas e macumbeiros de então. 
Pintura em pastel de Romeo Zanchett 
               No Peru, Chile, Argentina e em outros lugares existe um similar chamado Zamba, porém os tratadistas daqueles países sempre negaram qualquer identidade com o nosso samba. Até 1917, a palavra samba era usada para indicar agrupamento de pessoas ou mesmo festa. Segundo "Almirante", naquela data surgiu pela primeira vez, numa música de composição de Donga, "Pelo Telefone", marcando o nascimento de um novo ritmo para o carnaval. Devido a receio de preconceitos, os próprios compositores da época ainda titubeavam quanto á denominação a serem dadas á suas composições. 
               Por volta de 1920, pensava-se que o samba servia para denominar qualquer música carnavalesca. Aí, por volta de 1922, começaram a originar-se os ranchos carnavalescos e o samba foi sendo cultivado pelas fabulosas escolas de arte. 
Pintura em pastel de Romeo Zanchett 
                 Ao contrário do que muita gente pensa, o samba não nasceu no morro. Os primeiros sambistas: Sinhô, Caninha, Donga, Pixinguinha e os mais recentes como Noel Rosa, Lamartine Babo, Ari Barroso, e outros, são da cidade baixa. 
            Nos nossos dias, o samba já é exportado para diversos países e seu ponto alto é o carnaval carioca com responsabilidade das escolas de samba, cujos componentes entre homens e mulheres vão à mais de três mil pessoas por escola, todos cantando e dançando com ritmo harmonioso e original que faz o público, sempre presente aos milhares, amanhecer o dia numa euforia de contentamento e gosto. 
               Falando do papel das escolas de samba no carnaval, um reporte estrangeiro assim o definiu: "O carnaval carioca é "a maior festa popular do mundo e o desfile das escolas de samba o maior espetáculo de carnaval". 


               Ainda hoje, muitos observadores preconceituosos, consideram a dança do samba como um divertimento muito sensual e até obsceno, cujas pantomimas revelam aos espectadores dos desejos ocultos dos pares dançantes. Eu diria que inegavelmente a dança é linda e muito sensual. 
              O samba, como ritmo, se tornou o mais popular praticado no Brasil. É exportado e apreciado em todo o mundo. 





terça-feira, 29 de outubro de 2019

HISTÓRIA DO CARNAVAL



                     Embora tenha passado por várias modalidades no decorrer dos tempos, o carnaval tem suas origens em eras remotas. Nasceu no Egito há mais de 2.000 anos antes de Cristo. 
                Na antiga Roma, no dia 15 de fevereiro, realizavam-se danças em honra a "Pã", danças estas chamadas de "lupercais", e os gregos festejavam Baco. Era hábito, entre gregos e romanos, dedicar vários dias do ano à festas de contentamento e manifestação de liberdade. Tal como hoje, considerava-se necessário e conveniente para que o povo pudesse desencadear seus instintos naturais. Assim eram, por exemplo, as "saturnais" de Roma, a festa das sementeiras em que se festejavam a abundância da terra. Também os povos germânicos, que invadiram o Império Romano, possuíam festas do mesmo gênero. E da combinação de uma e outra e que resultou o "carnaval"como conhecemos hoje. A Igreja Católica Apostólica Romana, que herdou o poder do Império Romano, aceitou tolerar a festa como uma compensação prévia das mortificações impostas pela quaresma. 
          No início, os cristãos começavam as festividades do carnaval a 25 de setembro, compreendendo os festejos de Natal, Ano Novo e reis. Usavam-se disfarces e eram realizados jogos. Roma proibiu por longo tempo o carnaval na Gália, tais foram os abusos cometidos. No começo do cristianismo, foram dadas novas orientações a estas festividades, com severas punições aos que se excedessem. 
            Os bailes de máscaras datam da corte de Carlos VI e num desates bailes ele foi assassinado. O carnaval começa a 26 de dezembro (antigo calendário romano) com a festa de S. Estêvão e em  festas religiosas como a Epifania se usavam máscaras. No século XVIII, as damas elegantes de Veneza e Florença usavam-nas como arma de sedução. 


                Os bailes de fantasia da Opera de paris, instituídos em 1715, deram grande realce aos festejos, na França. Por volta de 1799, em seguida á grande Revolução Francesa, vieram os mesmos a ter extraordinário brilho após haverem entrado em declínio. Durante muito tempo, em Nice ao Sul da França, o carnaval teve cunho mais popular. Ainda hoje é muito famoso por lá. O Uso generalizado das máscaras deve-se à influência italiana, principalmente da cidade de Veneza. 



                 No Rio de Janeiro, o carnaval é uma festa essencialmente popular. A princípio havia certas brincadeiras violentas, chamadas então de "entrudo". Era costume carregar as pessoas e com grande algazarra atirá-las em tanques ou tinas num inesperado banho forçado. Outra brincadeira, muito comum e não menos desagradável, consistia em despejarem, dos sobrados, baldes de água sobre os foliões que passavam. Estes costumes provocaram muita revolta e as autoridades agiram para coibir a prática. Surgiram, então, os "limões de cheiro", antepassados do lança-perfume, que eram água perfumada acondicionadas em pequenas esferas de cera. Muitas famílias ganhavam dinheiro produzindo as pequenas esferas que eram vendidas no carnaval. 
         Entretanto esses perfumes molhavam e manchavam a roupa, o que era muito desagradável para quem estava feliz e festejando. Foram, então, substituídos por bisnagas que, finalmente, deram origem aos lança-perfumes. Estes últimos tinham substância tóxica (éter), em sua composição, que viciava e intoxicava, e também foram proibidos. A par das batalhas de limões-de-cheiro e lança-perfumes, perambulavam mascarados pelas ruas divertindo o público com suas zombarias e trotes. Existiam grupos de foliões organizados. Entre os "democráticos", os "Fenianos", os "Tenentes do Diabo", que não poupavam esforços para angariar aplausos do público. Vinham em grandes "cordões", que zabumbavam pelas ruas, dando lugar aos "ranchos", cada um procurando esmerar-se mais e mais nas suas composições alegóricas, nas canções e nos bailados. Para os bailes carnavalescos, abriam-se os mais belos salões, com prestígio das autoridades, que sediavam as casas de espetáculos. As festas que precediam a recepção do Rei Momo eram outro acontecimento que servia de pretexto para expansões carnavalescas. 
       Ele chagava ao Rio de Janeiro no sábado que antecedia o tríduo carnavalesco. Desembarcava na Praça Mauá, percorria a Avenida entre aclamações e, na escada do Palácio das Festas, finalmente recebia a chave simbólica da cidade para os três dias de folia. Com este ritual dava-se o início ao carnaval oficial. 
               As músicas que movimentavam o carnaval em sua origem eram as valsinhas, as polcas, os landus, as quadrilhas, as mazurcas e outras até 1908, quando apareceram as marchinhas. Só em 1917 surgiu o samba carioca, que consagrou verdadeiramente os folguedos de rua e salões.
               O Rio de Janeiro goza fama internacional de apresentar o melhor carnaval do mundo. Luxuosas fantasias, que custam milhares de reais, são preparadas e exibidas pelas escolas de samba ou em bailes de clubes socialmente categorizados. A figura máxima do carnaval é o Rei Momo, que apareceu pela primeira vez no Rio de Janeiro no dia 18 de fevereiro de 1855, às 15 horas, com o nome de "Deus Momo". Somente em 1932, graças a uma iniciativa do jornal "A Noite" é que surgiu o primeiro "Rei Momo", que naquele ano era um boneco de massa feito pelo artista Colombo, do Rio de Janeiro. Durante 14 anos, o jornalista Nelson Nobre reinou como o Momo oficial do Rio de Janeiro.


Pinturas em pastel - Romeo Zanchett

              O frevo alucinação do carnaval pernambucano, é uma dança de rua e de salão. É uma manifestação popular que atinge quase a totalidade do povo. Trata-se de uma marcha de ritmo sincopado, obsedante e frenético, que é sua principal característica. E a multidão ondulante nos meneios da dança, fica a ferver. Foi dessa ideia de fervura que surgiu o nome de "frevo", segundo opinião de Luiz Câmara Cascudo, outros autores dizem que o "frevo" ainda não tem origem definida. A coreografia dessa dança de multidão e, curiosamente, individual.  Centenas de dançarinos, ao som da mesma música excitante, dançam de maneira diversificada. A presença do frevo nos salões, nos clubes carnavalescos é posterior a 1917. No carnaval carioca ele surgiu, pela primeira vez, em 1935 com a exibição do famoso grupo intitulado "Vassourinhas". O sucesso foi imediato. 
               O Brasil é um país de grandes folguedos populares, muitos já tradicionais, e o carnaval tornou um negócio que movimenta milhões de dólares e reais, além de dar emprego a um grande número de pessoas durante o ano todo. 

RESERVE TEMPO PARA O ÓCIO



               Com o advento da sociedade industrial viramos robôs humanos. Passamos a semana toda nos dedicando a trabalhos repetitivos e quando temos algum tempo disponível procuramos preenchê-lo de alguma forma. Essa loucura cotidiana que vivemos faz com que não tenhamos mais tempo para olharmos nosso interior. O que fazemos nos dias de folga é uma tentativa de continuar a estressante rotina diária a que estamos acostumados. A solução é ocupar o tempo com lazer ou qualquer outro tipo de atividade que possa nos dar algum prazer imediato. Mas, na verdade, estamos tentando fugir de nós mesmos e, por isso evitamos parar e refletir. 
               A semana de trabalho inglesa, no século XIX, previa uma folga na segunda feira. Mas, ao contrário do que muitos possam pensar, não era para descanso dos trabalhadores. O que os patrões queriam era dar um tempo para que os operários se recuperassem dos abusos com o  álcool no domingo. A solução encontrada  foi adotar meio expediente no sábado porque assim a bebedeira começaria naquela noite e o domingo seria o dia da ressaca. O resultado foi imediato, pois diminuíram as faltas ao trabalho na segunda-feira. 
               Ninguém duvida que o lazer seja importante para a saúde e bem estar, mas os excessos de compromissos nos fins de semana podem gerar mais estresse do que o próprio trabalho. Precisamos de tempo disponível para não fazer nada, ou seja, precisamos do ócio. Não é necessário que fiquemos todo o final de semana de pernas para o ar, mas praticarmos o lazer do ócio por algumas horas é importante para melhorar a qualidade de vida e a saúde. 
                Para quem vive em cidades agitadas, co o o Rio de janeiro e São Paulo, é importante buscar o contato com a natureza. 
                 Hoje, dia que estou escrevendo, é domingo e, neste momento, milhões de pessoas estão aproveitando a folga para divertir-se na internet com jogos eletrônicos, troca de mensagens em comunidades virtuais e outras atividade. Não seria nada ruim se houvesse limites, mas o que vemos são pessoas passarem o dia todo em frente ao computador. Por mais prazeroso que seja, o cansaço é muito estressante e isto causa mais problemas do que benefícios. 
                 Muitos trabalham a semana inteira e tiram o fim de semana para praticar exercícios, alguns muito pesados, como corrida ou jogos que exigem esforço físico. Essas pessoas, mesmo com as coronárias limpas, são fortes candidatos a infarto fulminante. Quem é sedentário de segunda a sexta-feita e resolve correr ou jogar bola no sábado e domingo tem grande chance de ter morte súbita. Quando o lazer ativo toma todo o tempo livre, o efeito é nocivo e devastador. 

               Os momentos de lazer deveriam ser curtidos sem estresse, mas o que vemos são multidões lotando as academias de ginástica, participando de campeonatos de praia, maratonas e inúmeras outras modalidades de competição.; São pessoas angustiadas que enfrentam qualquer trânsito para, em busca do descanso, cansar mais. Adoram competir e vencer sempre. Para isso transformam o fim de semana em obrigação, com agenda mais exaustiva que a da semana de trabalho. 
               Se formos analisar com maior profundidade, iremos ver que quem não consegue parar nos fins de sema term, na verdade, um grande medo de usar seu tempo disponível para refletir, para um olhar mais demorado em seu interior. 
               Vivemos numa época de economia altamente competitiva e, tanto no trabalho como no lazer, a criatividade individual fica prejudicada por excessos. É indispensável encontrar um tempo par não fazer nada. |O ócio pode ser o remédio que há muito tempo estamos procurando. O importante, no entanto, é que durante esse tempo se evite pensar em qualquer tipo de problema ou obrigação. Uma boa sugestão para os mais agitados é praticar técnica de relaxamento e meditação. Nesse caso a natureza pode ser o melhor mestre. 
               O futuro já chegou e o comportamento das pessoas durante a semana deverá mudar radicalmente. É bem provável que a nova sociedade pós-industrial traga novos conceitos de horários para o trabalho, o lazer e o ócio. O tempo e espaço, como conhecemos, sofrerão uma desestruturação para permitir nova forma de viver. Os momentos para o lazer e o ócio serão distribuídos ao longo da semana. isto já está acontecendo em muitas empresas ao redor do mundo. Será possível conciliar trabalho, lazer e ócio num único dia. O tempo para "não fazer nada" é essencial para a criatividade que é um dos pilares do sucesso profissional. 
                 Precisamos urgentemente reaprender a valorizar nossos momentos contemporâneos, amar mais a natureza e os animais e nos reeducarmos para o tempo livre. "Jogar conversa fora" com os amigos, fazer amor sem pressa, olhar o por do sol, balançar o corpo numa rede, ouvir o canto dos pássaros, são coisas que ficaram esquecidas. Inúmeras são as possibilidades, é só escolher. 

     

COMO FORAM CRIADOS OS DOZE MESES DO ANO


                A criação do calendário que utilizamos surgiu com o aparecimento do Cristianismo. O Imperador Constantino acabou cem as crenças pagãs e obrigou a todos seguirem os novos princípios de uma única religião, o Cristianismo. 
               Apesar das determinações do imperador a memória dos deuses e deusas ainda vive em muitas forma e tradições. 
               A contagem do tempo está estritamente ligada aos costumes e instituições dos romanos. Em nosso calendário, estabelecido por Júlio César, podemos encontrar as línguas árabe e  o hebreu que não derivaram os nomes dos meses romanos. 
             O primeiro deus aparece na figura estranha de duas caras, um deus que olha para diante e para traz, e que segura na mão esquerda uma chave: é Jano. Os romanos adoravam Jano num templo que estava aberto durante as guerras e que se fechava quando havia paz. Era o deus dos princípios e dos fins; sempre que um romano devoto pretendia começar ou acabar bem alguma coisa implorava a proteção de Jano. Esse deus era também o porteiro do céu, e os romanos o tinham como protetor das suas portas e portões. Como o ano tem doze meses, assim, o seu templo tinha 12 portas. A ideia surgida para representar o deus jano foi muito interessante e feliz; e assim surgiu o mês de JANEIRO. Esse mês é a época em que todos nós olhamos para o passado e planejamos o futuro; pensamos nos erros e acertos para uma vida melhor. 
Februa - a deusa das purificações
               No segundo mês do ano celebravam-se festas especiais em honra de Juno e Plutão, rei dos infernos; havia lugares especiais para aplacar as almas dos defuntos. Estas festas eram também para espiação para o povo, e chamavam-se februaes (latin). Os romanos consideravam a festa como uma purificação espiritual. Fevereiro é o mes mais curto do ano com 28 dias nos anos comuns e 29 nos anos bissextos. (NOTA: De cada 4 em 4 anos é necessário juntar-se um dia a mais porque o anos realmente tem 365 dias e "6 horas"; Portanto, essa é uma "conta de chegar". Para se chegar a essa conta, Júlio César chamou a Roma os astrônomo "Sosígenes" que morava na Alexandria. Ele, então, fez as cálculos e sugeriu que a cada quatro anos se acrescentasse mais um dia no menor mês. 
Marte - deus da guerra
              Marte, o deus da guerra foi escolhido para representar o mês de março. Esse deus é uma figura que passa no cortejo em cima de um carro de guerra puxado por dois cavalos, cujos nomes são Terror e Fuga. Trata-se de um guerreiro ameaçador, manejando um comprida lança, levando para o céu um escudo brilhante e erguendo a sua cabeça divina de forma altiva, iluminada pelos raios do seu capacete.
                Para os romanos, Marte era mais que um guerreiro, era um deus que podia conseguir trudopela sua grande força. A ele pediam chuva e tudo mais, além de consultarem-no sobre suas vidas em particular, sacrificando em seu altar um carneiro, cavalo, lobo e até mesmo abutre. Quando os soldados iam para a guerra sempre levavam galinhas consagradas a Marte; eram aves consideradas sagradas, e antes dos combates davam-lhe milho, que as vezes era comido com avidez e outras vezes eram rejeitados; se comessem era sinal de que Marte os protegeria, mas se rejeitassem estavam indicando má sorte. Marte ara associado ao trovão e ao relâmpago, mas estavam convencidos de que era a pequena ave chamada "Pica-pau" que, ao bater no tronco da árvore com seu bico barulhento, estava confirmando que o deus marte havia aceito suas súplicas. 

Primavera na Europa
                  O quarto mês do anos é Abril, que na Europa é o período em que se renova a vida nos campos, as árvores cobrem-se de folhas e flores. "Omnia aperit!", exclamavam com admiração, quer significa "abre tudo!". Portanto, não é um deus nem uma deusa, mas sim um anjo da primavera. Gracioso, delicado, meigo e bom, espalhando lindas flores por todo a terra. Os romanos perceberam que neste mês renasciam todas as coisas que haviam desaparecido com o vento e o inverno rigoroso. Diziam: "abre-se tudo". E assim suregiu o mês de Abril. 

A deusa Maia
                Depois de Abril vem a deusa Maia, sentada num trono de luz. Seu pai chamava-se Altas e supunha-se que sobre seus ombros assentava o mundo inteiro. Esse deus tinha sete filhas e a mais célebre era maia, cujo filho era mercúrio que imaginavam ser o portador das ordens dos deuses para a terra. Júpiter, o pai de todos os deuses, levou Maia e as suas irmãs e colocou-as como estrelas no firmamento (céu). Supunha-se serem elas formadoras de um grupo de estrelas chamado "as Plêiades". Portanto, o nome de maio foi dado em homenagem à deusa Maia. 

Juno - rainha do céu e esposa de Júpiter
                  O mês de junho tem uma história bem interessante. São duas figuras disputando o sexto lugar. Uma era a deusa Juno e a outra é um homem, Júnio. Ainda hoje há divergência de opiniões sobre este nome; uns supõe consagrado a Júnio, e outros, que são a maioria, à deusa Juno, esposa de Júpiter. Seu trono de ouro estava junto ao seu marido. Todos os deuses lhes prestavam homenagem quando se apresentavam no palácio de Júpiter; Tinha poderes superiores, pelos quais exercia domínio nos fenômenos celestes, produzia trovões nas alturas, desencadeava ventos e mandava nos demais astros. Gostava de passear pelos bosques sagrados num carro puxado por pavões.  

Júlio César - Imperador Romano
                    O sétimo mês do ano foi dado em homenagem a um dos maiores homens que já existiram;foi um grande guerreiro estrategista, Imperador de Roma, Júlio César. Aqui cabe lembrar uma curiosidade: Houve um tempo em que o ano começava em março e, portanto, este era o quinto mês do ano; os romanos chamavam-no de "Quintilius", que significava o quinto. Júlio César não apenas foi um grande guerreiro conquistador de nações, como também criador de leis célebres e escreveu livros Imortais. Foi ele que fez uma reforma no calendário já em estado deplorável. É que o tempo e os meses já não se correspondiam como antigamente; a primavera da Europa, por exemplo, vinha em Janeiro e o inverno nos meses que deveriam corresponder à primavera. O mês "Quintilius" foi eliminado em sua honra, tomando seu nome, Júlio. 

Otávio Augusto - Imperador Romano
                 O mês de Agosto foi dado em homenagem ao sobrinho de Júlio César, Augusto. Seu nome era Otávio, mas foi mudado e governou os romanos com Marco Antônio e Lepido. Por fim foi imperador e fez muito para o engrandecimento do Império Romano. O povo, na intenção de lhe agradar, mudou seu nome para Augusto, que significa "nobre". Nessa circunstância o oitavo mês do ano foi chamado de Augustus. Aqui existe também uma curiosidade; como o mês de Júlio tinha 31 dias e o mês de Agosta só 30, os romanos ficaram preocupados com um possível desagrado a Augusto; assim sendo, tiraram um dia do mês de fevereiro e puseram-no em Agosto. Por essa razão Julho e Agosto têm 31 dias.  A escolha se deu porque os romanos precisavam de uma data para celebrar os feitos de augusto. No mês de Agosto ele foi eleito cônsul, também por sua dedicação acabaram as guerras e foi neste mês que ele conquistou o Egito. O seu reinado recebeu o nome de "idade do ouro" porque trouxe paz ao mundo já cansado de tantas guerras; além disso foi um período em que floresceram a arte e a literatura. É bom lembrar que os poetas HORÁCIO e VIRGÍLIO viveram nessa época; fundaram-se, então, livrarias e construíram-se templos por toda a parte dominada pelo Império. Foi no reinado de Augusto que, longe, na Síria, nasceu a criança chamada JESUS, cujo reinado ainda não acabou e cujo nascimento criou novos costumes e uma nora era. E assim, os dois grandes imperadores romanos ficaram com essa homenagem que chegou até nossos dias. Quanto a Jesus, continua imperando e mantendo a cruz de seu sacrifício  que é o marco de separação entre o reinado de Augusto e o começo da religião cristã. 

O primitivo calendário romano
                O primitivo calendário romano tinha apenas dez meses e começava em março; dessa forma o sétimo mês era Setembro donde vem o nome. Os romanos escreviam VII. Este número lia-se em latim "sptem", de onde derivou September, que em português é o nosso Setembro. 

"octo" (latim) Outubro
              O nome Outubro vem da palavra oito, cuja origem é o latim "octo". Outubro era o mês das colheitas, em especial da vindima para fabricação de vinhos. No calendário de hoje é o décimo mês, mas no romano, que começava em março era o oitavo. Foi o rei de Roma, Numa, que fixou o princípio do ano no dia 1 de Janeiro; mas, mesmo assim, Outubro continuou tendo o mesmo nome. Tanto os romanos como os gregos celebravam muitas festividades neste mês, principalmente para homenagear as boas colheitas, cujas frutas eram oferecidas às divindades. Em uma destas festas era costume atirar, aos poços e fontes, coroas tecidas de flores e ervas; um tributo às ninfas, a quem tais festas eram consagradas. 

"November"- Novembro
                 Novembro também tem origem no número que é nove - Antigo calendário romano- chamava-se "November". Contava-se entro os mais importantes do ano pelo respeito à festividades e ritos religiosos; estava consagrado a Diana - deusa das montanhas, dos bosques e da caça . As festividades começavam com um banquete dedicado a Júpiter e com jogos circenses, chamados assim porque se realizavam no circo. No mesmo mês se celebravam os "jogos plebeus", instituídos para comemorar a reconciliação de patrícios, ou nobres, e plebeus; se ofereciam sacrifícios a Netuno, deus dos mares; nesse mês se faziam as festas "brumaes" (latim), ou do inverno, por começar o tempo chuvoso, novembro, frio e desagradável na Itália. 

"December" - Dezembro
                 O) mês de Dezembro era o décimo mês no antigo calendário romano e chamava-se "december" de "decem", dez - o último mês. Dezembro é um mês característico do frio inverno nos países da Europa,  por isso é representado numa paisagem desolada, com caminhos cobertos de neve. Hoje é costume figurá-lo por um velhinho de barbas brancas, que traz brinquedos para as crianças na época de natal. Para muitos esse velho representa São Nicolau, que viveu no século IV e é considerado como patrono das crianças. Esta ideia origina-se numa lenda segundo a qual São Nicolau teria feito ressuscitar três crianças que haviam sido assassinadas por um bandido. 




               

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O PODER DA MENTE HUMANA



             O cérebro humano é uma maravilhosa máquina que transforma simples sensações em pensamento. 
               Pensamento é a soma total dos processos mentais ou ideias, desde o nascimento até a morte. Cada uma de nossas ideias e atos participa da formação da nossa mente, da nossa personalidade e do nosso espírito.
                Dentro do nosso corpo existe uma complexa rede de nervos que funcionam como fios telefônicos enviando para o cérebro as mais diversas mensagens através dos nossos vários sentidos: vista, ouvido, gosto, tato e olfato. O cérebro recebe as mensagens, agrupa-as e escolhe as que são mais fortes, classifica-as e produz o pensamento. 
          Este, entretanto, é apenas uma parcela de sua atividade milagrosa. Tão logo o pensamento é formado, começa estimular outros grupos de nervos que levam este pensamento do cérebro aos músculos do corpo para que tudo seja transformado em ação. É dessa forma que cérebro e corpo trabalham juntos neste misterioso processo de pensamento e ação. 
                Com este entendimento podemos concluir , sem erar, que o cérebro perfeito só existe num corpo perfeito. Como disse o célebre pensados James Allen: "um homem é aquilo que ele pensa". 
               Todo o ser humano possui dentro de si um "eu" elevado e bom, e outro "eu" baixo e mau. Ao longo da vida crescemos e purificamo-nos. Dessa forma, quando sacrificamos nosso corpo com drogas, poluição, má alimentação, fadiga, produtos químicos nos alimentos ou remédios desnecessários, estamos prejudicando a evolução e purificação do nosso espírito que é o objetivo da vida. 
                A nossa mente está sempre cheia de ideias sugestivas e aspirações que recebe do Poder Universal, ou Energia Universal, que pouco conhecemos. 
              Dentro de cada um de nós existe um juiz divinal que tudo vê; a ele ninguém engana, dele ninguém escapa e um dia irá cobrar por todos os atos que praticamos. Este juiz chama-se consciência. O sentido do espírito de justiça é uma qualidade que existe em todos nós e é tão real quanto o ar que não vemos, mas respiramos. É muito comum que este espírito de justiça fique prejudicado pelos maus tratos que damos ao nosso corpo. A violência, a promiscuidade, as drogas e tudo mais que nos conduzem á infelicidade, são o verdadeiro obstáculo para chegarmos a um nível superior, sereno, calmo, tranquilo e confiante. 
                O melhor cérebro é aquele que é parte de um corpo são,com saúde perfeita. Um corpo doente, drogado, inconsciente e infeliz anula dos os poderes mentais. As bebidas alcoólicas, drogas, poluição e excessos destroem milhares de conexões cerebrais, tornando-nos incapazes de sentirmos. É por essa razão que assassinatos, e outros crimes violentos são praticados por pessoas que não têm nenhum sentimento. Eles perderam a capacidade natural de amar, sentir ou até de odiar. Simplesmente não sentem mais nada. Matam por matar. 
              O amor é um elemento invisível e verdadeiro. Ele atua constantemente em todos os seres humanos e até nos animais indicando o que nos agrada ou desagrada. Este amor pode ser pelo animal de estimação, pela árvore do nosso quintal ou pelas pessoas que nos cercam. 
                 Em diversos momentos da vida sentimos uma paz, uma serenidade que não podemos explicar. É a paz divina que emana do cosmos e é captada pelo cérebro sem depender de questões químicas, pois é apenas espiritual. 
                Todos somos parte de uma natureza cósmica (somos poeira das estrelas) e quanto mais nos relacionamos com a árvore, com o pássaro, com a água, com a pedra, com o inseto e tudo mais que nos cerca, melhor podemos sentir as forças vitais da mente Universal. 

               A destruição de uma floresta significa a perda de muitas vidas e de elementos vitais que ela poderia nos proporcionar. Mesmo que depois venhamos a reflorestar o local com outras espécies, não conseguiremos jamais restabelecer o vigor original. 
                Na media em que avançamos na busca da perfeição espiritual, a nossa existência se torna mais elevada, mais pura e nos sentimos cada vez mais propensos a amar os animais, plantas, pedras, insetos e todas as manifestações da criação universal. 
efeito do desequilíbrio climático
              Quando prendemos um pássaro na gaiola, não podemos dizer que o amamos, pois na verdade tiramos sua liberdade para o nosso único prazer, portanto, isto não é amar as aves. 
               Quando amamos de um modo elevado, seja aos animais plantas ou outro ser humano, abrimos em nossa mente um verdadeiro manancial de felicidade e paz. 
                 A nossa comunicação com a natureza é um inigualável sentimento de comunhão com o Ser Supremo e infinito, a energia donde tudo se originou. Os sentimentos que por essa comunhão recebemos atuam em nosso corpo e espírito de forma tão verdadeira que nos fazem entrar em estado de graça e pura felicidade. 
              O poder mental e o talento são duas coisas que só conseguem crescer no meio da mais profunda calma e do mais absoluto repouso. Os melhores frutos de uma mente, sejam de ordem científica, artística ou sentimental, precisam de condições serenas e tranquilas para se elaborarem e desabrocharem. Todos os grandes pensadores da humanidade desenvolveram suas melhores concepções quando se encontravam em silêncio e aparentemente ociosos. É por essa razão que muitos fazem da meditação o caminho para a solução dos seus problemas. Todos nos temos talentos embrionários que precisam de momentos de paz e serenidade para desabrochar. 
              A inspiração do "gênio" que descobre e realiza grandes coisas, é energia que vem da inspiração divina e manifesta-se através  do cérebro. É uma força que atua no homem obrigando-o a inventar, empreender ou escrever coisas maravilhosas que o tornam triunfador. Quando o "gênio" recebe esta inspiração, seja qual for o campo de atividade humana, torna-se capaz de realizar o que antes ninguém fizera ou sequer sonhara. 
              Shakespeare era possuidor de um cérebro inventivo que o impelia a escrever e exprimir ideias de inigualável beleza e sublimidade. Ele dava às palavras uma forma material tão encantadora que até hoje não foi superado. 
             Leonardo da Vinci foi o grande gênio com multi-talentos. Ele era, ao mesmo tempo, escultor, pintor, desenhista, biólogo, engenheiro, arquiteto, músico e inventor. Sua grandiosa obra atravessou as fronteiras do tempo sem nunca ter sido superada ou mesmo igualada. 
           Foi esse grande poder mental que inspirou homens como Thomas Edson, Pasteur, Einstein, Mozart e tantos outros beneméritos da humanidade à realização dos milagres que melhoraram a vida de todos nós. 
                É este poder mental que sempre impeliu todos os inventores, sábios, poetas e artistas a exteriorizarem a inspiração da Mente Universal manifestada em seus cérebros. Foi através desta manifestação que grandes sábios do passado escreveram os livros que hoje são considerados sagrados e cujos ensinamentos são transmitidos em todas as religiões sérias (não comerciais), muito embora nem sempre haja perfeita interpretação. 
             O pensamento que resulta na ação que cria ou transforma é de natureza positiva ou imperativa. Quando o cérebro se mostra vacilante e indeciso não é capaz de realizar nada. 
               O corpo humano, tal como o dos animais e vegetais, tem uma vida e um crescimento que lhe são próprios, independente da mente ou do espírito. Essa vida é limitada e sempre segue pela juventude, maturidade, velhice e morte. O domínio do espírito sobre a carne torna-o invulnerável a toda a eternidade. A morte é uma simples queda de energia do corpo para que o espírito possa enfim despertar livremente do mundo material para o imaterial e invisível. É através dela que a energia é renovada com o renascimento  de um novo ser mais evoluído. 
           Nascemos com capacidade física e mental para crescermos e tornamo-nos independentes. Quando temos de apoiar indefinidamente alguém, acabamos por nos fatigar, exaurindo nossas forças. Só podemos ajudar os outros quando estamos capacitados a ajudar a nós próprios. Da mesma forma ninguém prejudica os outros sem prejudicar a si próprio. Partindo dessa premissa é injusto permitir que alguém viva sob nossa absoluta submissão, pois dessa forma lhe destruímos sua natural capacidade para a independência. É preciso atentar bem para o limite de ajuda que podemos dar. Caso não considerarmos este limite poderemos retardar a sua natural capacidade de, indubitavelmente, atrair para si as qualidades que amanam da Força Cósmica Universal. Não é digno dar muletas a quem tem perfeitas condições de andar. 
             Todo o ser humano deve ser soberano e com capacidade de melhorar continuamente pelo talento que tiver dentro de si. Só o viver é capaz de mostrar o talento de cada um. O Espírito Universal age em nós por nosso próprio intermédio, usando o nosso cérebro para provocar nossa ação individual. 
             O milagre vem do Poder Universal, mas é através do cérebro que ele se realiza. É produto de uma força mental sobre determinada pessoa com vontade suficientemente forte para, com firmeza e energia, querer que se realize. Isto acontece porque é através do nosso cérebro que a força universal realiza o que precisamos. Tudo nasce do pensamento que produzimos. É o poder do cérebro que permite desencadear a força de auto-cura que, apoiando-se no apelo aos princípios da saúde perfeita e energia vital, consegue expulsar do corpo enfermo todos os elementos da doença que o estão dominando. 
                À media em que aprendemos o nosso próprio domínio em todas as coisas que fazemos, nos tornamos mais perfeitos, organizados e evoluídos. estas nossas qualidades irão revigorar quem nos cerca. Nosso espírito pode enviar parte de nossas energias a outras pessoas em quem pensamos fixamente, só pelo fato de nelas pensar. É aquilo que podemos chamar de ação telepática. 
               Os nossos pensamentos se reúnem em verdadeiras correntes de energia e é por essa razão que devemos ter muito cuidado com o que pensamos. Ao pensarmos ou falarmos, atraímos para nós uma poderosa corrente de pensamentos id~entica à nossa ,  que agirá sobre nosso corpo de forma benéfica ou maléfica. Se nossos pensamentos fossem visíveis poderíamos ver todas essas energias circulando entre as pessoas. Em cada ambiente veríamos de imediato o resultado de suas ações. 
                 Nosso cérebro tem uma série de sentidos que se tornarão muito mais perfeitos quando tiverem atingido seu completo sazonamento, e então poderemos ver e sentir misteriosos poderes, tal como uma semente que germina e milagrosamente se transforma numa grandiosa árvore. Estes sentidos são despertados quando contemplamos coisas repletas de vida e de força que nos trazem pensamentos alegres e sadios. 








quinta-feira, 24 de outubro de 2019

A CARTA DA TERRA




Os animais são as maiores vítimas dos sere "humanos". 
Quando você consome um litro de água "mineral" que nem é mineral, está ajudando destruir o meio ambiente.

    O que é a Carta da Terra?
             A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21,  de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltada para o bem-estar de toda a família humana e animal, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança e um chamado à ação. 
                  A Carta da Terra se preocupa com a transição para maneiras sustentáveis de vida e desenvolvimento humano. 
              Integralidade ecológica é um tema maior. Entretanto, a Carta da terra reconhece que os objetivos da proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico equitativo, respeito aos direitos humanos, democracia e paz são interdependentes e indivisíveis. Consequentemente oferece um novo marco inclusivo e integralmente ético para guiar a transição para um futuro sustentável. 
                A Carta da Terra é resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. O projeto começou como uma iniciativa das Nações Unidas, mas se desenvolveu e finalizou como uma iniciativa global da sociedade civil. Em 2000 a Comissão da Carta da Terra, uma entidade internacional independente, concluiu e divulgou o documento como a carta dos povos. 
             A redação da carta da Terra envolveu o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de uma declaração internacional. Esse processo é a fonte básica de sua legitimidade como um marco de guia ético.  A legitimidade do documento foi fortalecida pela ação de mais de 4.500 organizações, incluindo vários organismos governamentais internacionais.
                    À luz desta legitimidade, um crescente número de juristas internacionais reconhece que a Carta da Terra está adquirindo um status de lei ("Soft Law"). leis brancas, como Declaração universal dos direitos Humanos são considerados como moralmente, mas não juridicamente obrigatórios para Governos de estado que aceitam subscrevê-las e adotá-las, e muitas vezes servem de base para o desenvolvimento de uma lei stritu senso (hard law).
                Nesse momento em que é urgentemente necessário mudar a maneira como pensamos e vivemos, a carta da terra nos desafia a examinar nossos valores e a escolher um melhor caminho. Alianças internacionais são cada vez mais necessárias e a carta da Terra nos encoraja a buscar aspectos em comum em meio à nossa diversidade e adotar uma nova ética global, partilhada por um número crescente de pessoas por todo o mundo. Num momento onde a educação para o desenvolvimento sustentável tornou-se essencial, a Carta da terra oferece um instrumento educacional muito valioso. 

O Texto da Carta da Terra
Preâmbulo.
                Estamos diante de um momento crítico na história da terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações. 

Terra, Nosso Lar. 
                 A humanidade é parte de um universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e bem-estar da humanidade dependem da preservação da biosfera saudável, com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo.  O meio ambiente global, com seus recursos finitos, é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção de vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado. 

A Situação Global. 
                Os padrões dominantes da produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológicos e sociais. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis. 

Desafios Futuros.
                 A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem suprimidas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a "ser mais" e não a "ter mais". Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos poderemos forjar soluções inclusivas. 

Responsabilidade Universal. 
           Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões, local e global, estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade com relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza. 
                Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os princípios da Carta da Terra, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável com padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transacionais serão dirigidas e avaliadas. 
                 Chegamos a mais de 7 bilhões de seres humanos vivendo neste planeta mal tratado. faça sua parte, educando e conscientizando, sempre que puder.