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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

COMO FOI INVENTADA A MÁQUINA DE ESCREVER



              A invenção da máquina de escrever mudou totalmente a história da humanidade. Como nasceu essa máquina que, em tempo relativamente breve, percorreu tanto caminho é o que iremos estudar agora. Como sempre acontece, em matéria de invenções, é difícil estabelecer, de maneira precisa, a propriedade da ideia. De qualquer maneira, um fato curioso é que, desde 1714, data de registro de uma patente do inglês Henry Mill para o engenho mecânico que permitia imprimir, por meio de alavancas, uma escrita sobre uma folha de papel, até quando uma análoga patente foi registrada em nome do italiano Pelegrino Turri (1803), a concepção das máquinas de escrever foi exclusivamente feita no sentido de ajudar aos cegos.  Sentado diante de algo, que poderia ser comparado ao velho cravo musical, o cego, levantando alavancas dotadas de letras tipográficas, conseguia, com bastante facilidade, formar, no papel, um pensamento. 
               Mas nos primeiros anos do século XIX, nasceu, contemporaneamente, em vários países, inclusive no Brasil, como veremos adiante, a ideia de que semelhante engenho poderia servir também para aqueles que enxergavam. Em 1829, o americano William Augustyin Burth obtinha a patente para um modelo seu de máquina de escrever, que ele denominou Typografh. Poucos anos depois, o francês Xavier Projean (1833) dava um passo à frente, inventando uma análoga (Ktypographe), na qual, porém, os martelinhos batiam, através de uma fita copiativa, sobre um cilindro central. O americano Charles Tu'urber, em 1843, modificou ainda a ideia, melhorando-a. 
                  Seguem-se outros inventores: Oliver T. Eddy (1850), J.B. Fairbankes (1850), Hughes (1850), Wheatstone (1851), Jones (1852) A. Ely Beach (1856), Samuel W, Francisa (1857), J.H.Cooper (1856), Henry Harger (1858, F.A. de May (1863) e John Pratt (1866). 
          Entretanto, até aquele momento, todas essas máquinas obedeciam a uma única caracterítica: cada letra era impressa após um movimento de teclado. Foi o italiano Giuseppe Ravizza, um advogado de Novara, o primeiro a idealizar uma máquina com teclado fixo e o movimento do carro em sentido longitudinal (enquanto o papel se movimentava em sentido vertical), o que constituíam verdadeiro progresso nesse campo. Para esse seu engenho (modelo), o governo da Sardenha entregava a Riviza uma patente que documentava a propriedade da ideia. Nos anos sucessivos, ele aperfeiçoou sua invenção, criando novos modelos, mais práticos. Mas ainda restava muito para resolver e Rivezza não o ignorava, a escrita invisível, porque os martelinhos batiam sempre no lado inferior do cilindro, pelo que era necessária, todas as vezes, levantar o carro para verificar o que estava escrito.  Diante disso, o genial advogado pôs mãos á obra, a fim de criar um novo tipo de máquina de escrever que eliminasse tal movimento. 
               Entrementes, outras patentes para máquinas de escrever, não muito diferente daquelas de Rivezza, tinham sido concedidas nos Estados Unidos. Um desses construtores, Cristóvão Latham Sholes, um jornalista e tipógrafo mais empreendedor que os demais, pensou em dirigir-ser a uns ricos armeiros, Irmãos Remington, de Ilion, Haekimor, Nova York, para auxílio financeiro. Os Remington, imediatamente, verificaram que as máquinas de escrever tinham um  belo futuro e, como a guerra civil já terminara, deixaram de fabricar espingardas e começaram a construir, ao lado das máquinas de costura, também máquinas de escrever. Corria o ano de 1867. Em 1874, aperfeiçoando o modelo de Sholes, um bom número de sólidas máquinas de escrever já havia saído das oficinas Remington, que compraram o invento por 12 mil dólares, quantia fabulosa para a época. 
           O primeiro a procurar inspiração no teclado do címbalo escrevente foi o Senhor Clemens, o autor das "aventuras de Tom Sawer", que nós todos conhecemos melhor sob om pseudônimo de Mark Twain. Em 1875, Twain escrevia á Sociedade Remington: "Rogo-lhes não contar a ninguém que possuo uma de suas máquinas. Escreveram-me de toda parte, perguntando como é feita e quais as vantagens que possuo em usá-la. Não gosto de escrever cartas e, por isso, desejo que ninguém saiba que estou usando esse estranho objeto".
                A curiosidade do público foi logo satisfeita. Durante a exposição de Filadélfia, em 1876, qualquer pessoa, pagando 25 centavos de dólares, podia ter o privilégio mde enviar uma mensagem ou uma saudação datilografada. Note-se que essa maravilha estava ainda com os caracteres quase invisíveis e somente com letras maiúsculas. 
                   A Remington adquiriu, no ano seguinte, o modelo de Ravizza (nº 12), e aperfeiçoou-o inserindo, num único martelinho, a letra maiúscula e a minúscula. 
                 A conquista do mercado foi lenta, mas definitiva, e a primeira e bastante aperfeiçoada Remington passou a ser justamente designada como "Antepassada de todas as máquinas de escrever". 
                Encorajado pelo lucro, continuou com as experiências de Rivezza, criou, finalmente, o seu modelo 16º, com escrita visível. Esta máquina, apresentada numa exposição, em 1883, representa, realmente, um marco importante na técnica datilográfica. 

Surge um inventor brasileiro
              O padre Francisco João de Azevedo nasceu em 814, na capital da Paraíba, hoje Jõao Pessoa. Estudou e ordenou-se em 1838 no Seminário de Olinda, em pernambuco, Onde se matricula em 1835. A seguir, dedicou-se ao magistério, tendo regido várias cadeiras, especialmente as de geometria, mecânica e desenho, no arsenal de guerra de pernambuco. Segundo afirma o notável professor Ataliba Nogueira, da Universidade de São Paulo, em sua obra Um invento Brasileiro, o Padre Azevedo, matemático, mecânico, taquígrafo e propulsor do ensino técnico, viveu a maior parte de sua laboriosa vida em recife, onde sempre pontificou nos domínios da física e da mecânica. Graças a seus estudos, e instado por amigos, apresentou, em 1861, para figurar entre os vários objetos da Exposição dos Produtos naturais, Agrícolas e Industriais das Províncias de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, inaugurada em 16 de novembro daquele ano, a máquina de escrever de sua invenção.
               Do catálogo desse certame constam os seguintes dizeres: "Expositor, o Padre Francisco João de Azevedo, número 67, Uma máquina de escrever. Foio mais procurado dos objetos da Exposição e certamente o mereceu pelo engenho com que está organizada. Eis aqui a sua descrição: "Representa e tem a configuração de uma espécie de plano pequenino, com um teclado dezesseis teclas, oito à direita e oito á esquerda. Logo que se comprime uma das teclas, que representa pequena alavanca, ergue-se, na extremidade dela, uma delgada haste, que tem na ponta superior uma letra esculpida em metal, em "alto-relevo", a qual vai encaixar-se com outra igual, esculpida em "baixo relevo", em uma chapa metálica fixa em cima dessas hastes. Uma tira de papel da largura de três dedos, pouco mais ou menos, e de um comprimento indefinido, passando por um movimento contínuo entre esta chapa e as hastes das letras, é por elas comprimida e recebe a impressão dessas últimas, que conserva inalterável. As letras que compões uma sílaba saem impressas no papel em uma mesma linha horizontal, ora juntas, ora separadas umas das outras, e o decifrador não tem outro trabalho mais do que ajuntar as diferentes sílabas para formar as palavras". 
           Segundo o emérito professor, que faz desfilar, em seu livro, uma longa lista de precursores, desde os primeiros idealizadores aos primeiros fabricantes de engenhos, que não escreviam, Francisco João Azevedo realizou a primeira máquina de escrever prática e industrializável. É, portanto, o verdadeiro e legítimo inventor da máquia de escrever. A Remington, apreciada doze anos depois da sua é, apenas, a primeira máquina de escrever industrializada. 
                 O primeiro material empregado pelo nosso patrício foi unicamente madeira, com tipos de impressão e fio de arame. A esse engenho, ele deu o nome de Mecanógrafo. Mais tarde, na exposição Geral do Império Brasileiro, inaugurada em 2 de dezembro de 1861, data natalícia do Imperador Dom Pedro II, o Padre Azevedo, recebeu das mãos de Sua Majestade Imperial, uma Medalha de ouro e, em 14 de março de 1862, uma Menção Honrosa. Cumpre notal que foi a única máquina de escrever apresentada na exposição. Doze anos depois, ou seja, em 1873, é que aparecem outros "inventores", baseados na modelo do padre Azevedo, que veio a falecer em 26 de Julho de 1880, em sua terra natal.  
                  Assim, tal como fizeram com santos Dumont, diz o professor Ataliba Nogueira, foi o Padre Francisco João de Azevedo esbulhado de seu invento. O autor refere-se, ainda, ao bacharel Jesuíno Antônio Ferreira de Almeida, de São Paulo, que obteve, por decreto nº 3.971, de 2 de setembro de 1887, privilégio por 10 anos, para usar, no império, de uma máquina de escrever de sua invenção. ""Era tão perfeita que escrevia um discurso em cinco minutos". 

As máquinas modernas
               A partir daquele momento, as patentes de registro para melhoramentos e modificações nas máquinas de escrever foram muitas. Cada país, cada fábrica, procurava superar os concorrentes com um modelo mais aperfeiçoado, que oferecia vantagens na precisão, maior facilidade de manobra e qualidades estéticas mais apreciáveis. os estados Unidos, a Inglaterra, a Alemanha, a Suíça, a Itália, a França e até o Japão, competem entre si para lançar no mercado as máquinas mais resistentes pelo preço mais conveniente. Mas, logicamente, os tipos tendem a padronizar-se,m a fim de evitar que alguém que aprendeu a escrever na máquina de uma determinada marca encontre dificuldade ao adquirir outra. 
                Chegou-se, assim, ao ano de 1900. os fabricantes compreendem que devem generalizar o emprego da máquina adaptando-a a todas as categorias sociais. Urgia orientar-se rumo a uma produção de modelos menos embaraçosos, mais simples e de fácil transporte. Nasceu, assim, a máquina de escritório portátil, leve e silenciosa. Em seguida é fabricada a primeira máquina acionada eletricamente, que tão útil se revelou em múltiplas aplicações. Assinalaremos ainda, as principais:automática e recalque, uma máquina de escrever  combinada com elementos de cálculo, que permite executar, ao mesmo tempo, escritas e cálculos; as máquinas estenográficas, a teletipo, que transmite e recebe escritas à distância, e a criptográfica, que traduz diretamente mensagens cifradas. estas máquinas obedecem ao princípio de telegrafia. 
               A máquina automática permite, ao invés, a realização de um elevado número de nítidos exemplares. 
                 A Varytiper possui a vantagem de poder contar os caracteres sobre uma chapinha móvel, facilmente substituível. Disso deriva a possibilidade de mudar rapidamente o tipo de caracteres e do alfabeto, o que é muito importante para escritórios que mantém relações internacionais. A própria máquina pode variar de espacejamentos e interlines com a máxima facilidade. os técnicos são de opinião unânime que a disposição das letras, no chamado teclado Universal, poderia ser tornada muito mais nacional, mas ninguém ainda ousou introduzir modificações nesta tradição, com receio de encontrar dificuldades nas vendas. Todavia, em algumas escolas, foram feitas tentativas para adestrar novas gerações de datilógrafos, habituando-os a uma nova disposição das letras, e isso parece ter dado ótimos resultados. 
                    Antigamente era dificultoso transportar as máquinas de escrever, dados o tamanho e o material empregado na fabricação, que era pesadíssimo. Depois foi feito o lançamento das máquinas portáteis que facilitou muito o trabalho de executivos , estudantes, enfim, do público em geral. Para escritórios, as máquinas elétricas de mesa foram muito utilizadas, pela rapidez e leveza do teclado. Hoje os computadores tomaram aquelas maravilhosas máquinas em objetos obsoletos.

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