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terça-feira, 5 de novembro de 2019

AS MISTERIOSAS AVES MIGRATÓRIAS

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             Os fatores que desencadearam as migrações são pouco conhecidos. Entretanto, muitos cientistas dedicam o melhor de seus esforços para descobrir como as aves navegam distâncias enormes, atravessando oceanos sem pousar para descanso, pois seus vôos se estendem noites e dias seguidos. 
              Trata-se de migrações internacionais voluntárias, com caráter periódico e com o objetivo de encontrar alimentos e boas condições meteorológicas. 
                A gaivota ártica encontra o caminho do lugar onde nasceu, perto de Polo Norte, até às banquisas antárticas, a 17 000 quilômetros de distância. Ele deixa o berço com a idade de apenas seis semanas. É inacreditável que o coração e as asas da ave esteja à altura do feito. Maior ainda é sua navegação. Seu minúsculo cérebro consegue solucionar problemas que tem desafiado a espécie humana por milhares de anos. 
             A bússola, segundo se acredita, foi inventada no século XII. Ela possibilitou que Colombo conseguisse atravessar o Atlântico. Entretanto, já há milhões de anos antes disso, as aves do mundo inteiro cruzavam os oceanos com toda a confiança. 
               Há mais de dois mil anos o pensador grego Aristóteles observou que os "papos-roxos" desapareciam no inverno e que, entretanto, os "rabos-ruivos" permaneciam no mesmo lugar.  Sua conclusão final foi que no inverno os "papos-roxos" se transformavam em "rabos-ruivos".  Até o naturalista romano Plínio - o velho, concordou com essa ideia. Em Roma, os estudiosos acreditavam que as andorinhas se transformavam em rãs. 
                Uma das razões que deu origem a tão disparatadas ideias foi o fato de que muitas aves emigravam á noite. São vistas à noitinha e de manhã desapareciam. Imaginavam que as aves não voavam à noite. Somente no século XVIII os ornitólogos descobriram que as aves voavam à noite. Em 1898, um observador informou que, durante os períodos de migração, cerca de 9.000 aves cruzavam por dias o céu noturno e diurno até chegarem ao seu destino. Essas notícias despertaram os cientistas para os problemas navegacionais da migração. 
                Intimamente ligado ao dom da navegação está o "Instinto de retorno ao lar". 
                O recorde mundial de "volta para casa" talvez pertença a Uma avezinha semelhante à gaivota, chamada "pardela de Manx". As pardelas vivem em grande número em tocas, na costa de gales. Um exemplar foi marcado com anel no pé e levado de avião a Boston, Estados Unidos, onde foi solto no dia 4 de junho de 1952. Em 16 de junho, isto é, apenas doze dias e meio mais tarde, ele chegava à sua toca em gales. Voou 3.050 milhas através do oceano. 
              Estudos e fatos como este vem sendo coligidos há mais de um século, mas só nos últimos anos têm sido feito esforços para descobrir "como" conseguem as aves realizar tais façanhas. 
               O homem, antes da bússola, se orientava apenas pelas estrelas, mas e as aves, qual seria seu ponto de orientação? - Seria talvez a Estrela do Norte? O magnetismo terrestre? A lua? Os ventos? Os climas? É certo que sabem muito bem o sentido de direção que perseguem até chegar. 
               Um ornitologista alemão Kramer, deu um grande passo rumo ao esclarecimento do mistério. Quis ele submeter à prova a ideia de que as aves se guiam pelo sol. 
              Observou que os pássaros engaiolados começavam saltitar, inquietos, ao chegar o tempo de migração. Kramer pôs alguns estorninhos numa sala circular com janelas que abriam unicamente para o céu. Registrou depois a posição tomada pelas aves. Registrou depois a posição tomada pelas aves. Estavam constantemente voltadas para a direção em que queriam partir em voo migratório. Quando ele escureceu as janelas, os estorninhos começaram a saltitar em todas as direções. 
               Depois dessa experiência, Kramer usou uma lâmpada para imitar o Sol, mas fazendo-o nascer e por-se em local e horas erradas. Os pássaros orientaram seu movimento de acordo com esse falso Solo.
              Com essa experiência se convenceu de que a teoria do Sol era a mais provável. No entanto, ficava a pergunta: Como pode uma ave guiar-se pelo Sol de dia e de noite, com tempo bom e tempo nublado?
               Como sabemos, o Sol muda de posição de acordo com as horas do dia, com a época do ano e com cada etapa da viagem. A ave precisa ter um sentido de hora quase igual ao de um homem munido de relógio. 
               O professor Matthews, cientista inglês,  calculou a matemática necessária para orientar um voo pelo Sol, pois só com um computador eletrônico provido de assas poderia voar assim. Não obstante, o professor mattheus estava certo de que é o instinto que equipa as aves para tal feito. 
                  Mas como poderia sua teoria servir também para a migração noturna? Sugeriu ele que o Sol determina a direção durante o dia. Depois, talvez, a ave continua na rota certa norteando-se, em parte, pela lua e pelas estrelas. 
              A sugestão do cientista inglês foi examinada pelo Dr. Sauer, da Alemanha. Interessava-se ele pelas pequeninas toutinegras, que vencem grandes distâncias, quase sempre à noite. 
               O Dr. Sauer realizou numerosas experiências noturnas. Durante a temporada de migração, colocou alguns desse pássaros em gaiolas em pontos de onde só poderiam ver as estrelas. Vendo de realce o céu noturno, começaram a esvoaçar. Cada pássaro tomou uma posição voltada para a direção em que habitualmente emigra. Mesmo quando ele virava a posição dos poleiros voltavam obstinadamente para a direção preferida. 
                 A seguir, o Dr. Sauer colocou seus pássaros num planetário, isto é, sob uma abóbada que imita o céu estrelado. De novo tomaram a posição correta para o voo ao seu refúgio de inverno na África. Deslocada a abóbada, de maneira a ficarem as estrelas em posição errada, os pássaros cometeram o engano correspondente! 
                na atitude do Dr. Sauer para com a pequena toutinegra há poesia e ciência. "Quando chega o outono", diz ele, " pequenino pássaro, que pesa menos de vinte gramas, parte, numa certa noite, para uma incrível viagem. Por si mesmo, sem ser ensinado, empreende a solitária viagem rumo ao sul, voa em busca da meta distante na África, guiado pelas estrelas". 
             O Dr. Sauer tinha uma toutinegra favorita, chamada joãozinho. Partindo da Alemanha,a espécie geralmente voa em sentido sudoeste, através dos Bálcãs. Depois volta-se para o sul, voando ao longo do Nilo, para seu lar de inverno, no centro da África. 
             Observa-se que joãozinho não sabia disso. Nascera numa gaiola, na qual passou a vida inteira. No entanto, quando chegou a estação da migração e sua gaiola foi posta no planetário, ele assumiu a posição de voo, voltando para sudoeste. 
              Depois, a abóbada foi virada, mostrando as estrelas tal como aparecem sobre a rota de voo. Joãozinho mudou gradativamente sua posição para o sul. Quando o céu estava como o da região do Nilo, ele acertou a rota na direção sul. 
                Com a ajuda de Joãozinho o Dr. Sauer mostrou claramente que os pássaros podem guiar-se tanto pelas estrelas como pelo Sol. Só quando nevoeiros ou espessas nuvens ocultam, por completo, o Sol e as estrelas, as aves migratórias ficam mesmo perdidas. Ficam, então, girando sem rumo e podem ser atraídas por faróis. 
               Parece existir uma comunicação entre as aves. A transmissão desse instinto de ave a ave continua um mistério. retirando estrela de seu planetário, uma de cada vez, o Dr. Sauer procurou exaustivamente averiguar quais são as estrelas importantes, mas seus estudos não foram conclusivos. 
                Quais quer que sejam os resultados que ainda possam ser obtidos, todos aqueles que têm estudado o voo migratório das aves estão de acordo em um fato básico. No minúsculo cérebro de cada ave migratória existe uma espécie de aparelho que a ajuda encontrar o caminho certo, guiada pelas luzes que atravessam os céus. um fato inegável: as aves estão mais familiarizadas com os elementos da terra do que o homem.  
           Sabe-se que na mesma espécie de aves pode existir certa percentagem que são resistentes e outras migratórias. A "cegonha branca" (Cicônia cicônia) que possui um comportamento endêmico da Costa Vicentina; vive em rochedos e falésias litorais. 
                Existem aves migratórias planadoras. Essas são aves que utilizam o voo planado para se deslocarem. Sob essa definição, incluem-se os "grous, as cegonhas e as aves de rapina". São verdadeiras mestras no aproveitamento das correntes temáticas. São correntes de ar aquecido pela energia solar que sobem graças à diminuição da densidade. Através desse artifício elas conseguem percorrer grandes distâncias dispendiando um minimo de energia, mas isso só é possível durante o dia. Por tal razão essas aves evitam fazer grandes descolamentos sobre as águas. A dependência das correntes térmicas varia de espécie para espécie e está relacionada com a superfície alar. 
               As aves migratórias migratórias marinhas permanecem a maioria ou a totalidade do tempo junto a oceanos, ilhas ou falecias rochosas. 
                Na costa portuguesa a maioria das espécies migratórias inverna na costa e migram para o norte europeu onde nidificam. Outras espécies nidificam apenas no mediterrâneo, e invernam na costa ibérica, mediterrânica e norte africano. Outras espécies nidificam em zonas trans-equatoriais e invernam no hemisfério norte. 
                  Quanto às aves "passeriformes" migratórias, de modo geral são de pequeno porte e terrestre, embora possam viver próximo de água. Tem regime alimentar insetívoros, granívoros e onívoros. Distribuem-se, geralmente, por toda a região paleártica. A maioria inverna na África e no sul da Europa, sobretudo na Península Ibérica. 

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