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domingo, 22 de dezembro de 2019

OS VERDADEIROS BERÇOS DA CIVILIZAÇÃO

A Vênus de Willendorf  - 10.000 anos.

                Há mais de cem anos os antropologistas vitorianos dividiram a história da evolução da humanidade em três etapas: Selvageria, barbárie e civilização.
  • A selvageria foi o período da qual o homem vive da natureza mediante a caça e  a coleta de frutas e raízes comestíveis.   
  • A barbárie foi o período das primeiras comunidades agrícolas.
  • A civilização surgiu naquelas partes favorecidas do mundo, onde o homem criou a arte da escrita.    
                 Apesar de seu uma característica importante de muitas sociedades antigas, normalmente denominadas civilizações, não é o único critério que devemos usar no momento de determinar a origem da civilização.  
              Na verdade, a palavra civilização está intimamente  ligada a ideia de viver em cidades.  É ali que vemos a arquitetura monumental, templos suntuosos e palácios. A divisão das sociedades em hierarquias de governantes e subordinados foram consideradas como elementos importantes na definição da civilização.  Embora, quando fazemos referência à civilização sumeriana ou à civilização Chang, ou ainda  à própria civilização de nossos dias, aludimos a algo mais do que a uma simples enumeração de critérios; referimo-nos às manifestações das conquistas culturais e intelectuais dos seres humanos. 
                 Sem dúvida, um dos acontecimentos mais importantes na história da humanidade foi  o aparecimento das primeiras cidades, que ocorreu no sul da Mesopotâmia no quarto milênio a.C.  Isto aconteceu devido ao acelerado crescimento da população e consequente aumento da produção agrícola; a agricultura passa a ser adotada como forma de vida, em oposição à caça e a coleta aleatória. Seus numerosos vestígios, hoje, dominam a paisagem. Já naquela época dominavam essa mesma paisagem no sul do Iraque, embora essas comunidades não fossem muito grandes. 
                 Essa mudança radical na forma de viver tiveram enorme impacto na  sociedade, nas religiões, na política e na vida intelectual. 
                 O rio Nilo, as planícies de boa fertilidade e os vales irrigados naturalmente pelo tigre e pelo Eufrates, constituíram, na antiguidade a região com maior potencial agrícola junto às do Indo. Foi ali que se desenvolveram as primeira comunidades agrícolas do mundo. 
            Em Jericó cultivavam-se cereais desde o ano 8.000 a.C. porem essas eram terras que mantinham delicado e frágil equilíbrio, onde era preciso defesa constante, tanto da natureza como dos vizinhos famintos e predatórios vindos do oeste do deserto e das montanhas do norte e do leste. 
               Já o Nilo tinha suas cheias regulares e benéficas; o fluxo das águas destes rios gêmeos, ao subir a leste pelos montes Tauro, é irregular e imprevisível, produzindo condições de seca em um ano e de inundações violentas e destrutivas em outro. A  inteligência humana buscou uma solução pratica para controlar, em parte, a vontade do rio construindo açudes e canais. foi enfrentando essas situações imprevisíveis que as civilizações conseguiram suas conquistas. 
                As primeiras cidades cresceram na Mesopotâmia Meridional durante a última parte do quarto milênio a. C. A religião sempre esteve presente, e cada cidade estava sob a proteção de um deus específico que era mantido num magnífico templo construído para ele e seu séquito sempre numeroso. Como acontece até hoje, arrecadavam dinheiro e administravam as finanças do templo; como esses deuses eram apenas uma fantasia, o dinheiro era utilizado para benefícios próprio e manter as mordomias. Também, como acontece até hoje, o templo era dono de enorme quantidade de bens e terras. O complexo religioso dominava a cidade tanto física como socialmente; seus amplos pátios, depósitos e habitações, bem como as salas de culto que ficavam elevadas sobre uma plataforma situada acima das vivendas amontoadas no setor mais baixo da cidade. 
             Os responsáveis por esse desenvolvimento no sul da Mesopotâmia foram os sumerianos, os criadores da primeira literatura do mundo. A enorme arrecadação dos templos foi um fator decisivo para o desenvolvimento da escrita. A crescente complexidade das contas nos templos obrigou-os a emitir os primeiros recibos, partindo da primeira escrita pictografadas, que já se encontrava em uso desde 3.100 a.C. 
              A administração dessas primeiras civilizações foi muito beneficiada pela invenção da escrita. Os registros escritos encontrados foram  para ajudar os mercadores a fazer contas. Em Tell Brak foram encontradas tábuas de argila contendo material escrito, datados de 3,200 a. C.que provavelmente são as inscrições mais antigas do mundo. Por volta de 2800 a.C., as inscrições tinham-se reduzido a símbolos convencionais feitos em tábuas de argila, batidas de forma de cunha. A esses elementos, os descobridores deram o nome de "escrita cuneiforme". 
                Quase tão valiosa como a invenção da escrita foi a medição do tempo e a criação do calendário. Foi dos sumerianos que herdamos a divisão da hora em 60 minutos e um minuto em 60 segundos; o dia de 24 horas teve origem na combinação da medição do tempo na Mesopotâmia e no Egito. O próprio calendário de 365 dias foi criado no Egito. Chegar a esses números exigiu grande conhecimento matemático.
                 Por volta de 1800 a.C., os escribas dos templos de Sumer e da Babilônia tinham criado a tabuada, já trabalhavam com frações e até podiam resolver equações de segundo grau. Portanto, foram os mestres da ciência exata dessa época que assentaram as bases das matemáticas modernas. 
                Se confiarmos nos geólogos, as áridas regiões da Àsia Central já foram mais úmidas, temperadas e nutridas por grandes lagos. A recessão da última onda de gelo lentamente ressecou essa área, e a falta de chuvas já não permitiu ali a expansão do homem em Cidade s e Estados. As cidades existentes foram abandonadas, á proporção que os homens refluíram em várias direções à procura de água; semienterradas no deserto jazem ruínas como as de "Bactra", que devia ter esfervilhado de população dentro da sua área de 22 milhas de circunferência. Em 1868 uns 80.000 habitantes do Turquestão ocidental foram obrigados a emigar; suas terras estavam sendo inundadas de areia solta. Muitos estudiosos admitem que essas regiões, hoje mortas, assistiram aos primeiros desenvolvimentos do que constitui a civilização. 
               Em 1907 Pumpelly desenterrou em "Anau", ao sul do Turquestão, vasos e outros remanescentes duma cultura possivelmente datável de 9.000 anos as.C., e também outra possivelmente de 4.000 anos a.C.  Cultivavam-se cereais, usava-se o cobre, domesticavam-se animais e ornavam-se em estilo que sugere muita tradição anterior. Aparentemente a cultura do Turquestão já era velha em 5.000 a.C. Talvez até possuísse historiadores que investigavam o passado, na vão procura das origens da civilização, e filósofos que eloquentemente lamentavam a degeneração duma raça decadente. 
                Deste centro, um povo tangido pela seca emigrou em três direções, levando consigo suas artes e sua civilização. Essas artes foram ter à China, à Manchúria, à América do Norte; ao sul da Índia; e a oeste a Elam, à Suméria, ao Egito e mesmo à Índia e a Espanha. Em Susa, na antiga Elam (hoje a moderna Pérsia), foram encontrados restos tão semelhantes aos encontrados em Anau que a hipótese de migração muito se afirma. Um igual parentesco de artes e produtos sugere id~entica ligação histórica entre o Egito e a Mesopotâmia. 
                Não podemos ter certeza sobre qual destas culturas apareceram em primeiro lugar, o que, aliás, pouco importa. Se aqui voltarmos honrosos procedentes e colocarmos Elam e a Suméria antes do Egito, não o faremos por espírito de inovação, mas porque a idade destas civilizações asiáticas, comparada com as da África e da Europa, aumenta à proporção que o nosso conhecimento a respeito cresce. Todas as probabilidades são hoje de que o rio Delta, dos rios da Mesopotâmia, fosse o espectador das mais velhas  cenas do drama histórico da civilização. 
                Sempre que olhamos para o passado, inevitavelmente encontraremos populações que foram extintas como a Polinésia (ilha da Páscoa) e Atlântida.
                 É certo que provavelmente já existiram muitas civilizações que por razões diversas desapareceram. Não podemos deixar sem menção as lendas correntes sobre civilizações destruídas por catástrofes da natureza ou por guerras e que deixaram traços visíveis atrás de si; o recente desaparecimento das civilizações de Creta, Suméria e do Iucatã vem dar apoio a essas lendas. 
               O Oceano Pacífico acumula as ruínas de, pelo menos, uma dessas perdidas civilizações. A gigantesca estatuária da Ilha da Páscoa, a tradição Polinésia de poderosas nações que, em tempo remotíssimo, se formaram na Samoa e no Taiti, a capacidade artística e a sensibilidade poética de seus atuais habitantes, indicam uma glória passada, mostram um povo que não se está erguendo para a civilização, mas que decaiu da civilização para um estado inferior. É no Oceano Atlântico, da Islândia ao Polo do Sul, a elevação central marítima dá algum apoio à lenda que Platão, de modo tão fascinante, nos transmitiu, da civilização florescida num continente situado entre a Europa e a Ásia e que de súbito foi tragado por uma subversão geológica. Schilieimann, o ressuscitador de Troia, admitia que a Atlântida fosse a ligação entre as culturas da Europa e do Iucatã, e que a civilização egípcia proviera da Atlântida. Talvez a própria América fosse parte da Atlântida, e alguma cultura pré-maia estivesse em contato com a Europa e a África nos tempos neolíticos. Possivelmente cada descoberta é uma redescoberta. 
               Também muito provável, como o admitiu Aristóteles, que várias civilizações se formaram, com grandes invenções e luxo, e foram destruídas e obliteradas da memória humana. A história, disse Bacon, é um palco de naufrágios; o que se salvou do passado é muito menos que o que se perdeu. Nós nos consolamos com o pensamento de que assim como a memória individual perde a maior parte das experiências do homem por motivos de sanidade, ou insanidade, assim também a raça humana só preservou das suas experiências culturais o que era mais vivido - ou mais bem fixado. Mesmo que essa herança racial fosse apenas um décimo mais rica do que é, ninguém poderia absorvê-la toda. A história já está muito cheia. 
                O homem moderno, mais do que nunca, corre o risco de extinção. Vários fatores estão presentemente ameaçando a raça humana e também os demais seres vivos que com ele coabitam.  Vírus poderosos ameaçam dizimar populações inteiras, como pé o caso do Ebola; as superbactérias, para as quais o ser humano não está conseguindo antídoto eficaz; o aquecimento global que, pouco a pouco, está provocando a invasão das terras próximas ao mas; a poluição ambiental que irá transformar o organismo dos atuais seres vivos. A cada dia fica mais presente a ameaça de um cataclismo nuclear. Explosões estranhas que estão acontecendo no sol e que os cientistas ainda não conseguiram entender. 25 supervulcões espalhados pelo mundo que estão lentamente expelindo gases estranhos, até então nunca observados. Os pontos negros e os meteoros gigantes que se aproximam lentamente da terra, são algumas das mais palpáveis ameaças à raça humana e a outros seres vivos aqui existentes. Certamente daqui a talvez mil anos, uma civilização bem avançada irá estudar o que aconteceu co a nossa atual civilização. A questão não é se isso irá acontecer, mas sim quando acontecerá. 


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