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sábado, 14 de dezembro de 2019

A GRANDE MURALHA DA CHINA






                 Um jovem imperador obcecado pelo medo das invasões dos bárbaros, sacrificou uma geração inteira de seu povo para construí-la. 
               Dois mil anos mais tarde, na época da revolução Francesa, a Inglaterra era o país mais poderoso e adiantado do mundo; entretanto, um cientista daqueles tempos relativamente modernos disse que a Grande Muralha tinha mais tijolos e pedras que todos os edifícios então existentes nas ilhas Britânicas. Um matemático calculou que com os materiais empregados na sua construção se poderia erguer  um muro de 2.40 metros de altura por 90 centímetros de largura, que daria a volta à terra pelo equador. 
               A Grande Muralha começa às margens do mar e termina no planalto do Tibete, também conhecido  pela denominação de "Teto do Mundo". 
                  Estando na lua, talvez a única obra realizada pelo homem que poderia ser vista de lá sem telescópio seria a Muralha da China que, após 22 séculos permanece de pé como o maior feito do homem.
               Na verdade, as primeiras muralhas chinesas não foram construídas apenas como defesa de inimigos exteriores; a sua construção foi provocada por assuntos internos dos chineses. Foi desta forma que o Estado Tchu nos princípios do século VI a.C. se protegeu, por meio dessa muralha fronteiriça, dos ataques dos estado vizinhos do norte, e nos séculos seguintes os Estados Tchi e Vei seguiram seu exemplo. Por volta do ano 320 a.C., o mesmo fizeram os Chin, e uns dez anos mais tarde juntaram-se exemplos históricos os Tchau e os Yen. Em geral os muros teriam sido feitos de terra, com torres de vigilância. 
                 O Imperador Tchi Huang-ti (221 x 210 a.C. foi o primeiro a promover a construção de uma grande muralha com defesas viradas para o exterior; o principal objetivo era  manter os "bárbaros" e os "demônios" fora de seu território. As torres tinham cerca de 10 a 12 metros de altura por 6 metros de largura (em alguns lugares chega a 12 metros de largura) e eram ocupadas por sentinelas. 
                  O jovem imperador empregou, inicialmente, seu próprio exército nesta construção. Segundo conta a história tradicional ele ocupou a mão de obra de 300.000 soldados na grande obra. Conta-se também  que, para aumentar a rapidez da obra, mandou abrir as prisões e, assim, ladrões, assassinos e todo o tipo de criminosos conseguiram sua parcial liberdade. Mesmo assim não foi o suficiente para se chegar ao objetivo (rapidez) pretendido e então ele determinou que a população participasse. Centenas de milhares de trabalhadores forçados morreram de esgotamento ou de febre. 
                 No ano 209 houve uma grande revolta popular devido aos maus tratos e ás mortes em escala industrial. Soldados e trabalhadores forçados abandonaram o território fronteiriço; por essa razão os hunos, em pouco tempo, conseguiram conquistar os terrenos insuficientemente protegidos pela Grande Muralha, ainda em construção. As reações bélicas dos chineses não tiveram sucesso. Também de nada adiantava pagar tributos aos hunos; foi necessário promover casamentos entre princesas imperiais e os chefes hunos para apaziguar a situação. 
              O plano para construção de uma nova e mais duradoura muralha, de 3.290 quilômetros ("van-li-tchang-tchen") parece ter ocorrido somente no século XIV. 
           Para se ter uma ideia mais precisa sobre o tamanho da Grande Muralha seria imaginar que se pudesse esticar uma corda de um extremo a outro; levando esta corda para a Europa e estendendo-a aí, ela cobriria a distância que vai de Paris até quase o centro da Ucrânia (1840 quilômetros), e ainda se acrescentasse mais corda para compensar as curvas da Muralha, em seguida as esticasse outra vez\ de paris, iria além da cidade de Bagdá. 
               No Egito o povo (escravos e prisioneiros_ sofria semelhante ambição pela ignorância religiosa que, sobre intensa tortura, eram obrigados aos mais terríveis sofrimentos na construção das imensas pirâmides. 
                Na China, a mente que idealizou essa "monstruosa construção" foi o imperador Chi Huag-ti, filho de uma "bailarina ambulante" que quem o príncipe pai havia se enamorado.O jovem imperador subiu ao poder depois da morte do pai, no ano 246 antes de Cristo, com a tenra idade de 13 anos. Nas época a China era um reino de estados separados, que estavam sempre em pé de guerra. O jovem e ambicioso imperador empreendeu a tarefa de unificar esses estados para assim formar um poderoso império. Esse jovem possuía um dom especial para escolher excelentes generais e primeiros ministros. Nesta tarefa acredito que era orientado pela própria mãe que, sem dúvida, era muito esperta. Em sete anos, com auxílio destes, subjugou todos os seus vizinhos. Desde os limites do norte da China moderna  até o rio Iã-tsê e deste ao Mar Amarelo, indo até a província de "Szechwam", no Oeste; a sua palavra era a única lei. 
              Como todo o rei paranoico, vivia em permanente pânico, sentindo-se ameçado por tudo. A fim de impedir que seus inimigos tramassem a sua deposição, Chi levou os mais ricos e poderosos dentre eles para sua capital, Hsienyang. Seus importantes inimigos eram mantidos sob seu controle e para tal viviam no esplendor total, como senhores da corte, mas afastados dos seus fiéis seguidores. Chi construiu para eles palácios iguais aos seus. Esses palácios estavam situados num terreno que media 500 quilômetros quadrados, obedecendo a um desenho que reproduzia na terra o caminho celestial das estrelas da Via-Láctea. 
           Apesar disso, o imperador vivia inquieto, sempre com medo da morte. Um oráculo previra que sua queda seria provocada por "Hu", vocábulo que, entre outras coisas, significa bárbaro. Ele estava certo de que o vidente se referia aos bárbaros do Norte, que desde 500 anos antes eram o terror dos lavradores chineses. Deu tratos à imaginação procurando uma forma segura de proteger o império e assim a ideia fantástica de construir a gigantesca muralha intransponível. 
                Ninguém pode negar que se trata de uma maravilhosa obra de engenharia, mas que exigiu enormes sacrifícios do povo, e milhares pagaram com a própria vida. 
            Quase todas as pessoas fisicamente aptas foram recrutadas para trabalhar na construção da Grande Muralha. Obrigados sob constantes chicotadas dos capatazes, os operários, atemorizados, eram forçados a cavar dois fossos paralelos separados 7,50 metros, nos quais assentavam, depois, blocos de granitos e tijolos até a altura de seis metros. Enchiam de terra o espaço entre os fossos e finalmente levantavam um paralelepípedo de 1,50, em cima da Muralha. 
                Nos primeiros quinhentos quilômetros quase não encontraram um trecho de terreno plano, e os operários tinham de arrastar blocos por encostas muito íngremes. Mesmo nos cumes mais distantes as chicotadas dos capatazes garantiam que o corte e o acabamento dos blocos de granito fossem feitos com tanto esmero, como se destinassem ao palácio imperial de Chi. Engenheiros  modernos afirmam que a Grande Muralha dificilmente poderia ser sobrepujada atualmente em sua construção. 
                Os mensageiros enviados pelas famílias dos que trabalhavam na muralha, levando-lhes roupas e víveres, só muito raras vezes chagavam ao seu destino. Muitos ao chegarem no destino já não mais encontravam seus familiares, pois estes já haviam morrido. Outros nem chegavam até o destino pelo medo de também serem forçados a trabalhar. Os trabalhadores que ofereciam resistência ao recrutamento para trabalhar eram arrastados até a Grande Muralha  e enterrados vivos nela. Como alimentos eram escassos  e as roupas transformadas em farrapos, quase apodrecendo em vida, muitas adoeciam e morriam. Seus corpos iam ficando pelo chão, confundindo-se com a terra da Muralha, até que a transformaram no maior cemitério do mundo. Isto acontecia com a maior naturalidade, pois ninguém perdia tempo em fazer sepultamento digno. Os corpos simplesmente passavam a fazer parte do aterro da Muralha. 
              No oeste de Pequim havia um terreno que era um barreiro; aí, em vez de granito, tinham que amarrar entre si troncos muito pesados, com os quais formavam muitos paralelos, enchendo de terra o espaço entre eles. Um longa fila de operários, cada um carregando às costas um bambu com duas grandes cestas de terra suspensas nas extremidades eram utilizadas para irem enchendo o caminho, ao mesmo  tempo em que socavam a terra. Ao terminar cada seção, retiravam os troncos e continuavam a obra, sucessivamente, em  todo o percurso. A Grande Muralha mantinha-se em pé, toda feita de barro comprimido. 
               À medida em que parte da Grande Muralha ia sendo concluída, guerreiros eram colocados sobre ela. 
                Ao longo de toda a muralha e a intervalos de 1500 metros construíam-se os fortins, instalando-se um batalhão de soldados em cada um deles. Sempre havia arqueiros alerta com suas flechas nas torres salientes. Cada guerreiro tinha sob sua guarda 200 metros em ambos os lados; havia oito sentinelas cada quilômetro e meio. Uma grande guarnição achava-se permanentemente aquartelada atrás de todos os setores terminados. Reunidos, esses soldados formavam o primeiro exército regular do mundo, que alcançava um total de três milhões de homens. A cada um deles eram concedidas áreas de terreno pelos serviços prestados, as quais eles se dedicavam a lavrar nos intervalos livres de trabalho na Muralha.
                  A Muralha terminada percorria, em curvas atrevidas, a superfície da Terra; escalava montanhas de quilômetro e meio de altura, descia vales profundos, subia gargantas e atravessava rios. Sua construção terminava à beira de um precipício de 60 metros e á vista de um rio com águas de espumas brancas. 
            Não se sabe exatamente quanto tempo demorou a construção da muralha. Chi empregou uma quantidade enorme de trabalhadores e, além disso, incorporou-lhes muitos quilômetros  de outras muralhas já construídas anteriormente. Há um historiador que supõe ter a obra durado cerca de 18 anos; outros asseguram que só foi terminada por imperadores sucessivos, entre eles os próprios mongóis. 
                A Grande Muralha da China impediu invasões durante mais de 1400 anos. E, então, no século XII, surgiu o grande guerreiro mongol Genghis Khan. Tratava-se de um dos conquistadores mais terríveis que o mundo já conheceu; tomou de assalto a Grande Muralha e invadiu a China; mas nem mesmo ele conseguiu conquistá-la definitivamente. Depois de sua morte, seus sucessores foram expulsos. 
                Aos mongóis sucederam-se no poder os imperadores da dinastia "Ming". Durante 300 anos, estes reforçaram e acrescentaram novos trechos á Muralha. Os Manchus, outro povo mongol, procedente do Norte, abriram brechas em seus muros e, em 1644, após um cerco de 30 anos, apoderaram-se da China. O que resta hoje, em parte, da muralha original do imperador Chi e a maior parte dela é a que foi construída pela dinastia "Ming". Há setores que estão otimamente conservados, mas algumas das partes antigas foram reduzidas pelos ventos do Oeste a simples montões de terra. 
               Essa incrível muralha, que custou o sacrifício e a vida de uma geração, mas que, também, é certo, salvou uma centena de gerações, perdura e assim continuará por muito tempo. 
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