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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

HISTÓRIA DA PIRATARIA - PIRATAS E CORSÁRIOS DO MAR.



Conhecer um pouco da história da Pirataria é importante para conhecermos a índole (extremamente cruel) do ser humano que, infelizmente, ainda prevalece nos nossos dias chamados de "civilizados". Quando mais conheço a história da humanidade, mais amo os animais.

                  Quando ouvimos falar em piratas dos mares, imaginamos que eram apenas bandidos salteadores que navegavam somente para saquear outros navios. Mas não era bem assim. 
             A história da pirataria faz parte da própria história da navegação. Desde os tempos mais antigos, quando surgiu as primeiras marinhas, os navegadores mais atrevidos foram mercadores e guerreiros que sulcavam os mares impelidos pelo desejo de ganho ou conquista, mas que, se a ocasião se apresentasse, assaltavam e depredavam as cidades costeiras ou os barcos que encontravam em sua rota. 
              Os piratas da Malásia constituíram, cerca de 1800, um verdadeiro pesadelo para os barcos europeus que sulcavam as águas em volta de Bornéu, Sumatra e Nova Guiné. 
             Se os Fenícios foram famosos como navegadores e comerciantes, merecem sê-lo também como piratas, profissão esta que não consideravam em nada desonrosa.  Por muito tempo, a aparição de seus navios compridos e finos, pintados de preto, foi recebida com justificável temor em todo o Mediterrâneo. Navegadores e, conforme a ocasião, piratas, foram os Pelasgos, os Helenos e os Egípcios; navios piratas, na antiguidade, infestavam os mares e as costas da Dalmácia, da Ásia Menor, da Argélia e do Marrocos. 
             Vencida Cartado e as cidades aliadas, Roma precisou tomar medidas excepcionais para combater a pirataria que se havia grandemente  difundido durante a guerra contra Mitridates. os Piratas, especialmente os cilícios, que tinham suas tocas na costa meridional da Ásia Menor e nas Ilhas Egeias, capturavam as embarcações mercantis romanas e ameaçavam continuamente as costas da República. Contra ele Pompeu conduziu, em 67 a.C., uma grande expedição militar e, em oitenta e sete dias, destruiu-os. 
             Após a queda do Império Romano, a pirataria refloresceu e, durante toda a Idade Média, os ladrões do mar encheram as crônicas com suas proezas. 
            Quando, com a descoberta do Novo Mundo, os tráficos marítimos transferiram-se do Mediterrâneo para o Atlântico e o pacífico, a pirataria encontrou, nas novas rotas, a isca convidativa das imensas riquezas que da América eram comboiadas para a Europa. E não devemos esquecer, neste quadro, os longínquos mares do Oriente, onde Chineses, Japoneses, Polinésios e Hindus exercitavam a pirataria desde quando as primeiras pirogas e os primeiros juncosa foram embalados pelas ondas. 
      Durante muitos séculos, embarcações e localidades costeiras da China foram, frequentemente, saqueadas por assaltantes vindos do vizinho arquipélago do Japão. 
            Em qualquer época, então, e sobre todos os mares, sempre houve aventureiros que julgavam mais conveniente e menos perigoso  apoderar-se de mercadorias  pela violência. Mercadorias essas que gente honesta costuma adquirir pagando um preço justo. Por vezes, porém, o fenômeno da pirataria não se limita a uma ação de banditismo isolada no mar. Ele se torna mais vasto e adquire uma notável importância no quadro dos acontecimentos históricos. Os Vikings disso são uma exemplo. A escassez de terra cultivável em sua pátria compeliu-os a viver de saque e rapina e, durante cinco séculos, aterrorizaram as costas da Europa. Nestes casos, a pirataria transforma-se em guerra, como acontece ao tempo dos corsários barbarescos que infestavam o mediterrâneo e participam da batalha de Lepanto, ao lado dos navios do Islã. Outro exemplo de prataria organizada, de vastas porções, característica de uma histórica,é dado pela associação dos flibusteiros, que se desenvolveu no século XVII, nas águas das Índias ocidentais.  
             A este ponto precisamos explicar o significado de dois termos - "pirata e corsário" - que, geralmente, são erroneamente empregados como sinônimos. 
                 Piratas são os ladrões do mar, que assaltavam, indiscriminadamente, os navios, para tomar-lhes a carga e, antigamente, para vender como escravos os marinheiros da tripulação. os corsários também assaltavam os navios para saqueá-los, mas sua ação era exercida somente contra as naus de uma nação inimiga de sua pátria. Eles andavam munidos de uma comissão legal ou autorização de seu soberano para exercer a guerra de corso; esta "carta patente"fazia com que os considerassem como combatentes, ao passo que os piratas, quando abanhados e castigados sem remissão e depois enforcados como criminosos comuns,  sobre o mastro do barco que os capturava. 
            Assim, diante dessa distinção, um corsário sentir-se-ia grandemente ofendido se o chamassem de pirata ou bandido do mar; julga-se, portanto, que o pirata era pior do que o corsário, mas, na prática, houve corsários que se comportaram como piratas da pior espécie. O corsário, então, degenerava em pirata, e o "tribunal  das presas", que tinha a incumbência de julgar o comportamento dos corsários, nem sempre foi suficiente para fazer passar como ações de guerra legítima certos abomináveis atos de baixo banditismo.
                Com o progresso do poderio árabe, nos séculos IX e X , os países cristãos viveram sob a contínua ameaça dos piratas sarracenos que, partindo das costas da África setentrional, e da Espanha, infestaram com suas incursões toda a bacia mediterrânea, paralisando-lhe o comércio, devastaram-lhe as costas, conseguiram conquistar a Itália meridional, Sicília, e Provença, Rodes, Creta e as Baleares; no século IX, destruíram Taranto, chegaram a Roma e saquearam-lhe as igrejas. A república de Amalfi combateu-os duramente e o mesmo fez a poderosa frota de Bizâncio. No século XI, os Sarracenos estavam praticamente destruídos, mas, depois de quatrocentos anos, seus feitos foram repelidos e superados pelos piratas barbarescos, que geralmente imperavam sob as ordens dos sultões turcos. Eles eram habilíssimos marinheiros, além de audazes aventureiros. 
           Entre estes salteadores, recorde--se o famoso Khair-ad-din, conhecido como "Barbaroxa" que foi senhor de Argel e de Tunísia, almirante da frota turca, cerca de 1535. Seus sucessores ocuparam a região compreendida entre marrocos e Tunísia. 
             As costas do mediterrâneo ofereceram seguros abrigos aos piratas, mas estavam também sujeitos às incursões dessa gente. Frequentemente, os Sarracenos desembarcavam nas costas da Itália meridional, saqueando e reduzindo à escravidão os habitantes que não conseguissem fugir. Com o decorrer do tempo, aventureiros europeus de qualquer nacionalidade juntaram-se aos Barbarescos, cujo poderio aumentou sempre mais até tornar inseguras também as rotas e as costa do Mar do Norte. Apesar dos esforços das esquadras inglesas, francesas, holandesas e espanholas, a pirataria barbaresca não dava mostras de desaparecer e, ainda em 1829, muitos países mediterrâneos, como a sardenha, Nápoles, a toscana e outros, pagavam um tributo ao soberano de Argel para não verem seus barcos sistematicamente atacados e depredados. No ano seguinte, a França ocupou Argel e então a livre navegação no Mediterrâneo ficou assegurada. 
               As florescentes repúblicas marinhas italianas, muitas vezes, por causa dos ataques dos piratas, as preciosas cargas que seus navios traziam do Oriente. Sobretudo as aguerridas galeras venezianas deram, durante anos,  caça sem trégua, por vezes inúteis, às embarcações barbarescas que cruzavam o Mediterrâneo, tornando inseguros os ricos tráficos da Sereníssima. 
                Na luta secular contra os barbarescos, distinguem-se os corsários "patente de corso", eles combateram, no mar, os inimigos do Rei da França. Tinham como importante sentido da honra e suas tarefas jamais degeneraram em atos de baixa pirataria; o Rei recompensou-os com graus militares e com títulos nobiliários. O mais famoso de todos foi Jean Bart, honrado como herói nacional.  Em 1672, quando Luiz XIV declarou guerra à Holanda, Jeam Bart tinha 22 anos, mas sua forma de audacíssimo e hábil marinheiro j´pa estava tão consolidada que recebeu o comando de um navio de corso, o Rei Davi. Era uma modesta galeota de 35 toneladas, mas para o corajoso Bart, foi suficiente para atacar e capturar, em sua primeira sortida, sete navios mercantes holandeses. Ao fim da guerra, em 1678, Bart, agora com 28 anos, vencera dez batalhas. Já estava rico, tendo recebido do "tribunal das presas" uma parte dos enormes despojos do inimigo, e o r"Rei Sol" demonstrou-lhe seu agrado, nomeando-o tenente de fragata da marinha real e enviou-o contra os piratas barbarescos. 
                Em 1688, deflagrou a guerra entre a França e a Inglaterra, e Bart exibiu ainda seus incomparáveis dotes de marinheiro e de corsário, efetuando proezas que tem algo de fabuloso. Nomeado cavaleiro de São Luiz e almirante, morreu aos 53 anos, devido a um banal resfriado, após haver arriscado a vida centenas de vezes. Durante três séculos sua família tinha exercido a pirataria; seu avô e seu pai tinham sido mortos quando iam à abordagem, e um seu tio fizera explodir seu barco, com ele dentro, para não cair nas mãos dos ingleses que o circundavam. Os Bart eram originários de Dunquerque, e isso explica sua singular vocação. 
            Realmente a pequena cidade de Dunquerque, de tranquilo centro de pescadores transformara-se em um terrível covil de piratas, após complicadas vicissitudes de domínio, de lutas religiosas e de interesses econômicos, que determinaram em seus habitantes um implacável ódio contra os Ingleses e, especialmente, contra os Holandeses. Os piratas de Dunquerque, favorecidos pela sua posição, interceptaram facilmente os navios de carga que atravessaram o Passo de Calais e caíram sobre eles com seus velozes barcos de fundo chato. 
                No século XVI, o campo de ação da pirataria estendeu-se às novas todas do Atlântico, ao Mar dos Caraíbas, ao Golfo do México, e as Índias Ocidentais foram teatro de novas empresas de banditismo, conduzidas com incrível audácia e, frequentemente, com desalmada ferocidade. Os corsários da rainha Elizabeth, os flibusteiros e os bucaneiros já inspiraram inúmeros romances, mas se pode afirmar que a realidade esteve bem acima da fantasia dos romancistas. 
                Também neste período, a pintura assumiu o especto de característico histórico. Depois da viagem do Colombo, a colonização foi aos poucos se afirmando no Novo Continente, onde surgiram portos, como maracaibo, Santa Maria, Puerto Cabelo, Vera cruz e Panamá. Este último era o coração do império, para onde afluíram todas as riquezas das terras conquistadas, o ouro das minas, dos templos, dos palácios do Incas, as pedras preciosas dos Andes e as especiarias das Filipinas. Do Panamá, os tesouros eram transportados, no lombo de mulas, através do Istmo, e carregados para Nombre de Dios ou Puerto Cabelo, para os navios que viajavam rumo à Espanha. Da metrópole, expediam-se para as colônias os produtos indispensáveis para sua subsistência: manufaturas, tecidos, utensílios, mas em quantidade insuficiente às necessidades. O governo espanhol impusera o mais absoluto monopólio sobre o comércio entre o Velho e o Novo Mundo, nos quais, em consequência, se sentia falta de muitos bens de consumo. Surgiu, assim, o contrabando e, deste,à pirataria, o passo foi breve. Já em 1636, um navio de contrabandistas franceses apoderou-se de uma embarcação espanhola e, sucessivamente, a pirataria assumiu proporções tais que ameaçava seriamente o poderoso espanhol. Em 1568, as proezas do inglês Hawkins, contrabandista, pirata e negreiro, eram considerados como legítimas pelos seus compatriotas, como protesto pela hegemonia da Espanha. Com ele, iniciou sua carreira Francis Drake, que se tornou um dos mais famosos corsários de todos os tempos. 
              Francis Drake, em 1572, na idade de cerca de 30 anos, chefiava uma audaz expedição contra a cidade de Nombre de Dios e, ao voltar para a Inglaterra, sua fama lhe valeu a admiração e o apoio da rainha Elizabeth. As relações políticas com a Espanha andavam muito tensas e a rainha aprovou um arrojado plano Drake, contribuindo até, pessoalmente, com mil coroas para seu financiamento. Drake propunha-se ferir o império espanhol, ou melhor, atacá-lo pelas costas, de surpresa, em suas cidades riquíssimas, na costa do Pacífico, que estavam pouco ou nada defendidas, porque se consideravam ao abrigo das incursões pelo mar. Ele partiu de Plymouth, em 1577, com cinco navios. Refazendo o roteiro de Magalhães, tocou por primeiro em Cabo Horn e entrou no Pacífico, caindo sobre alguns espanhóis e sobre localidades do litoral. Em primeiro lugar, seguiu para o norte, rumo à baia onde surge, hoje, São Francisco; depois seguiu para o oeste, tocou nos Molucas, dobrou o cabo da Boa esperança e, após três anos de ausência, voltou para Plymouth, com um único navio e a tripulação dizimada, mas carregado de despojos. Foi recebido como um triunfador e, nomeado vice-almirante, conduziu com alterna fortuna, mas com constante coragem, outras numerosas expedições. Obteve, ainda, da rainha, um título nobiliário. 
             Nas pegadas de Hawkius e Drake operaram Clifford, Cavendisk, Norton, Frobisher, Raleigh, corsários ou piratas, segundo as circunstâncias. Mas foi justamente neste período que se afirmou o poderio marítimo inglês, retirando da Espanha a hegemonia do mar. Elizabeth promoveu e encorajou, de todos os modos, a guerra de corso, em vantagem da Inglaterra e do tesouro real. Concedeu sua proteção a Sir Waltyer Releigh que, para conservar a amizade da Rainha, homenageou-a com um quinto da imensa presa arrancada dos espanhóis na expedição de 1591. Depois da morte de Elizabeth, a sote de releigh mudou; por ordem de James I, foi decapitado. 
                 A Rainha Elizabeth gostava de ouvir da boca do Drake a narrativa das aventuras por ele vividas em suas viagens em volta do mundo. O nome de Francis Drake, famoso por suas proezas, está também ligado á história da navegação e das descobertas geográficas e, curioso pormenor, ao grande corsário se atribui a entrada da batata na Europa. 
                Com a descoberta da América, os corsários ingleses, holandeses e franceses, sob o patrocínio de seus governos, começaram a bater as rotas do Atlântico, dando caça aos galeões espanhóis. Estes grandes e pesados navios, que Drake chamava de "patos dourados", constituíam a presa mais cobiçada porque transbordavam de tesouros que a América, a nova fonte de riqueza oferecia. 
              Após os grandes capitães da época elisabetana, entraram em campo os bucaneiros, corja de bandidos ingleses, holandeses e, especialmente, franceses, que tinham em comum o ódio contra a Espanha, aliado à ânsia de se apoderarem de suas riquezas. 
               Haiti e as ilhas menores, abandonadas pelos conquistadores espanhóis, e despovoadas de bois e de porcos em estado selvagem. Marinheiros desertores, náufragos, fugitivos e aventureiros de toda espécie ali se haviam estabelecidos desde o início do século XVI e ali exercitavam a caça, levando uma vida assas primitiva, unidos numa espécie de sociedade denominada "Irmãos da Costa". A carne dos animais mortos era vendida aos navios de passagem, após ter sido salgada e defumada pelo método particular empregado pelos Caraíbas, que denominavam "bucan" aos lugares onde as preparavam. Desta palavra derivou o termo "bucaneiros", para indicar os caçadores. Mas, como os bucaneiros se tornavam sempre mais numerosos, os Espanhóis começaram a combatê-los, e, então, os caçadores se transformaram em piratas, estreitando a aliança com os "flibusteiros" ingleses, que tinham suas tocas nas costas da Jamaica. O vocabulário "flibusteiros" (que significou saqueador ou livre bandido) teve, por algum tempo, sentido diferente de "bucaneiro", mas, depois, ambos os termos foram sendo confundidos e serviram para designar, em geral, os piratas das Antilhas. A ilha da Tortuga (Tartaruga) foi a muito bem defendida fortaleza dos bucaneiros e a escala de todos os navios que, naquelas paragens, se dedicavam ao contrabando e á pirataria. 
               Aquele que por primeiro conduziu os bucaneiros a uma ação em grande estilo foi um vandeano, o Jean David Francóis Nau, cognominado o Olonês, o malfeitor mais sanguinário e feroz que jamais infestou os mares. 
              Em 1667, ele eoixou a Trotuga, comandando oito navios, com 400 homens, e depredou as cidades de Maracaibo e Gibraltar, torturando os habitantes, incendiando e destruindo tudo. Depois de outras proezas deste naipe, Olonês acabou prisioneiros de uma tribo de índios, que o esquartejaram. Certamente mais famoso do que o Olonês, mas não menos feroz e ávido, foi o irlandês Henbry Morgam, que iniciou sua carreeira na jamaica como flibusteiro, e na Jamaica a concluiu, com o título de Sir e com o cargo de Vice-governador da ilha, obtidos do rei da Inglaterra Carlos II, em reconhecimento às suas ações de guerra contra a Espanha. Mas os seus foram, acima de tudo, atos de salteador; a tomada de Puerto Cabelo concluiu-se com uma carnificina e com um saque que duraram quinze dias. As populações de Maracaibo  e de Giubraltar foram submetidas a incríveis torturas; Panamá foi destruída por um incêndio. E esta última empresa foi realizada quando a Inglaterra e Espanha mal haviam firmado um tratado de paz. 
              Henry Morgan, que viveu no século XVII, passou à história como uma das mais cruéis figuras da "guerra do corso". Embora fosse um corsário, geralmente, seus feitos eram ainda mais desalmados do que os dois piratas. Entre vários episódios que demonstram sua absoluta falta de humanidade a respeito dos prisioneiros, basta recordar o seguinte: para conquistar a fortaleza de Puerto cabelo, ordenou aos seus bandidos que levassem diante de si, como escudo, frades e freiras, capturados nos conventos da cidade; os religiosos foram todos massacrados. Mas nem todos os corsários foram tão cruéis como Morgam Drake; por exemplo, muitos foram generosos e leais para com os inimigos vencidos. 
               Em fins do século XVII, os flibusteiros foram perseguidos e depois dispersos, também pela França e pela Inglaterra, que até então os haviam favorecido, em consideração aos danos que causaram ao comércio espanhol. 
            Em sua breve carreira de pirata, o capitão Bartolomeu Robert capturou quatrocentos navios. Vestia-se sempre de vermelho e proibia aos seus homens que jogassem dados aos domingos. Era abstêmio, mas, quando foi surpreendido por uma belonave inglesa, sua turma estava embriagada. Roberts morreu no tombadilho do seu barco. 
               Uma volta à pirataria verificou-se depois do tratado de Utrecht (1713), quando, tendo ficado decidido o desarmamento dos navios de guerra e de corso, muitos capitães preferiram às paz o banditismo no mar. A ilha da Providência, ao sul da Flórida, foi refúgio dos piratas com bandeira de crânio e tíbias cruzadas. E os tristes heróis do Jolly Roger chamaram-se Roberts, Teach, "Barbanegra", capitão Kid, John Avery. Muitos desses delinquentes morreram na forca, castigados pelos seus próprios compatriotas. 
               A guerra de corso teve um despertar em 1806, quando a Inglaterra instituiu o bloqueio aos portos franceses e Napoleão Bonaparte resolveu fechar o Continente às mercadorias britânicas. Ainda algum episódio de pirataria se verificou em todo o século passado, especialmente nos mares orientais, mas também no Mediterrâneo. 
              Durante o  conflito de 1914 x 1918, alguns navios alemães conduziram guerra de corso nos oceanos. O Endem, que, ao deflagar a guerra, se encontrava na China, os os cruzadores auxiliares de Möwe, Wolf e Seeadler, que conseguiram furar o bloqueio britânico às águas germânicas, foram os últimos navios corsários. 
                Em 1826, José Garibaldi encontrava-se no Bergantim "Costanza", que foi depredado, no Egeu, por dois caiaques de piratas gregos. A Grécia estava, então, em revolta contra os Turcos, e seus corsários assaltavam as galeras dos dominadores. Não faltam, porém, os piratas que, impelidos pela miséria, atacavam barcos de outras nacionalidades. 
          A seguir, a navegação a vapor, o controle dos mares, a radiotelegrafia, puseram termo a esse fenômeno que, se por vezes se revestiu de certos aspectos sugestivos e romanescos, foi, certamente, um dos mais tristes na longa história da Humanidade. 
             Hoje, com muita frequência, usa-se o nome da democracia para forjar as grandes atrocidades que o mundo continua assistindo. Hitler subiu ao poder em nome do povo alemão, e não é preciso lembar as gigantescas atrocidades que promoveu, até mesmo contra o próprio povo que o elegeu. Muamar Kadafi, um ditador recente, tomou o poder ainda muito jovem e durante 42 anos torturou, principalmente jovens mulheres de sua guarda pessoal e crianças que mantinha em seu harém; diante do resto da humanidade posava de grande estadista. Agora temos novos ditadores atuando pelo mundo. Muitos sobem ao poder com o único objetivo de enriquecer ilicitamente saqueando o próprio pais e  seu povo que o elegeu. Não preciso dar detalhes porque o povo brasileiro conhece bem essa história. São os piratas da moderna civilização.
              




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